sábado, 29 de maio de 2010

Meu amor

Meu amor é especial...
Tem as mãos grandes e delicadas e um jeito todo faceiro
de passar as mãos no rosto!
É um amor que conquistei na maturidade:
Ele e eu queremos passear pela praia, rindo de qualquer coisa,
falando doçuras que não são em vão.
Banho de cachoeira será nossa diversão e caminhando pelas águas límpidas
rolaremos sob a água fria e transparente dos riachos que permeiam Três Marias.
O fogão a lenha será nosso momento do slow food, assim como aquecemos nossos corpos para o amor.
Amor maduro, presente dos deuses para um casal que viveu só e se encontrou nas
asas da borboleta!
Bendita és tu, maturidade, que permite o voo em direção à primavera.
Bendito és tu,amor que pisa devagarinho sobre as folhas de ipê...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sangrando

O corpo sangra.
Falar do coração é pouco para uma alma que se esfacela em mil fragmentos.
A mente humana é pequena demais diante dos olhos do corpo.
Corpo que se dá por inteiro e recebe em troca a fadiga de uma alma pequena.
Não sou grande. Mas não sou vil.
Sou pequena como uma flor do campo a exalar perfume pelo ar,
Ar infecto de sujidades que não percebem o cheiro da flor.
Sujidade que dá licença à pureza da alma que se esfacela na profundidade.
É na profundidade que a alma se faz verdadeira.
Voo razante são para as moscas em busca de dejetos.
Dejetos que já se foram da alma que aspira o calor da lua cheia.

sábado, 22 de maio de 2010

Jovane

Não um amigo virtual.
Um amigo quando se corta as veias e une o sangue numa magia secreta...
Coruja a ver noite e com seus olhos abertos, observar os ipês que florirão na madrugada!
Coruja que molha os pés no rio e dá risadas junto à sua amiga, que, de carne e osso,
nasceu fora do tempo...
Tempo de margaridas, rio caudaloso, ipês amarelos, eis o seu tempo!
Como o amigo, que corujamente abre os olhos para a maturidade.
E vê sua sombra a destrinchar poesias, palavras que são suas na escuridão da noite!
Palavras que são suas a deslizar pelo rio e recitar poesias,
ao lado da amiga que nasceu no tempo errado!
Amigo, somos dois patetas a desfrutarem do que é bom,
sem nos preocuparmos com o tempo...
Duas crianças a gargalhar com a coceirinha de um bicho de pé...
Crianças felizes dando banana para o mundo.
Mundo que não somos rima nem solução...
Mundo que engole as almas puras e estraçalham sonhos a serem vividos.
Crianças espertas que se escapam da maldade alheia!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perfidia

Amo por inteiro o abstrato, o vazio
Que se veste, tem olhar faceiro, poucas palavras:
Uma enguia na escuridão da noite.
Espero por ele e me debruço em solidão.
Lágrimas não! Os olhos já não sabem o que é isso...
A solidão também é doce, pois aprendi a ser só.
Tudo que me rodeia é o que me interessa:
Flores, pássaros, música, notas musicais desenhadas na pele!
A clave de sol ilumina a casa, a vida, o rebuliço causado pela traição.
Perfídia...
palavra bonita que faz lembrar olhos verdes,
esverdeados pelo verde das árvores,
árvores que se perdem pela força humana.
Perfídia que não passa de uma palavra bonita no dicionário do Aurélio
E uma ferida na alma da mulher...

Perfídia

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Enquanto aguardo...

Hoje é quarta feira, dia sagrado...
São nas quartas que o coração fica brando,
as emoções afloradas e o desejo de amar invade o corpo da mulher.
As palavras fluem, o sentimento saltita cor em cor,
e o peito busca o amado; amado que se escapa do amor.
A brandura do coração se transforma em agonia,
aflição de quem espera palavras, sutilezas ditas ao pé do ouvido,
risos molhados de cerveja, vinda que não acontece...
Enquanto isso espero agosto chegar com os ipês a florirem minha alma,
meu coração de esperança, meus pés coloridos de amarelo!
Amo o possível. O coração me diz.
E vivo aguardando a vida que traz luminosidade ao meu ser.
Ser que se transforma em flores enquanto espera.
Esperança travestida de amor, enigma da quarta-feira.

sábado, 15 de maio de 2010

Fraqueza

Hoje fraquejei.
Não dei conta de caminhar entre loucos...
Preferi a rotina doce de arrumar a casa, encher de flores o ambiente, sorrir de boba, pois tenho este direito!
Fazer o almoço, comida mais que mineira, cerveja gelada, mesa posta para mim...
Direito de escolha é o meu caminho.
Se fraca, ou não, sou humana.
Sei onde a dor aponta o direito de não sorrir.
A opção hoje é pelo sorriso. A lágrima já secou o peito doído da mulher!
A mulher, inteira ou em frangalhos, ouve música e deixa a cerveja deslizar gelada pela sua vida.
A loucura passa. A felicidade passa.
E eu me amo.
Amo tanto como aos girassóis que enfeitam a casa.
E amarelo é o colorido da vida
Ceveja e girassóis compõem o cenário da vida a viver.
E o canário responde sim com seu trinado.
Por hoje, só por hoje sou feliz.
Só por hoje. Amanhã...
Ora, amanhã!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Catarse

Viajo dentro de mim em busca de núcleos de vida.
Degladio com o pai: ora santo, ora humano, ora demônio.
Esse pai faz parte da vida profissional da mulher.
Seu trabalho que marcou uma era,revira as entranhas quietas,
de uma pessoa que quer paz.
Esta busca do velho farmacêutico é uma catarse,
que faz tonto o coração: o intelecto se rebela,
o coração se desmancha, a vida se desfaz em porquês.
A infância brinca de rodas na cabeça da mulher que se nega
a qualquer crítica a uma vida que foi real.
No entanto, portanto, continuo o mergulho
que esfacela os sonhos possíveis.
Não tive um santo.Não tive um amante. Tive um pai que encantou as pessoas com seu lema:
Viverei hoje como se fora o último dia da minha vida!
E a mulher se retorce em dores sentidas por quem tem a alma doce...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Caminhada

Caminho descuidada pela vida.
Clamo a N. Senhora de Fátima por um apoio seguro,
mas Ela está ocupada com a miséria do mundo.
A segurança dos meus passos é acompanhada pela música.
Som que anestesia a alma e traz no peito o sentimento de plenitude.
Plenitude que viaja pelos poros, trazendo a lucidez do prazer completo.
Completude absoluta que permite ao ser a unicidade da alma
Alma que se explode em luzes,
e carícias do som maior.
Maioridade que dá a seus passos a sabedoria de viver em paz.
Chocalho de sons a eternizarem o prazer absoluto.

sábado, 8 de maio de 2010

Reverência

Reverencio ao amor que chegou de mansinho...
Não pediu licença e foi se instalando de leve, no coração, na alma, nas entranhas.
Sentimento audaz, atrevido, que apossa-se do ventre, do ser por inteiro!
Amoramado,escapole palavras de afeto entrelinhas do viver.
Amorafeto, amora a lambuzar de carícias com o sabor vermelho, da cor do batom...
Amorcoragem de viver o novo, sem o toque, sem carícias explícitas, mas carícias tocadas pela alma.
Almas a confabularem segredos destoantes da realidade.
Almas a se beijarem como o sopro, como o esvoaçar das asas do beija-flor.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Audácia

Hoje me revirei de ponta a cabeça.
Abri de leve o coração para um amor amortizado pela distância.
Expus o peito de forma bonita,me lambuzei de mel ao adocicar as palavras
com cuidado para que o sonho não se perdesse.
Sussurrei devagarinho palavras doces.
Desnudei-me de vez para ser entendida, já que os olhos não estavam perto para serem o meu espelho.
Fui feliz.
As palavras abstratas foram captadas com sutileza pela alma levada do menino que não cresce...
A doçura, como uma enguia, escapulia das palavras diretas que gritavam o amor que lhe mostro por inteira,sem pudor, sem receio...
Conheço seus olhos tristes,ah, olhos tristes que um dia se espelharão no meu sorriso!
Olhos tristes, sorriso faceiro que não muda com o passar dos anos.
Meu amor existe, por isso eu canto.
E solfejo no violino notas musicais que refletem meu coração.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sarau

Fala-se em um sarau de poesia.
A alma arrepia-se toda com a possibilidade de estar presente.
Viajo na crônica "Felicidade Clandestina" e gostaria participar para socializar tamanha beleza.
Tertúlia regada a vinho,amigos, slow food e poesias a encherem de luz o coração!
Felicidade roubada nos pequenos momentos de alegria que preenchem a vida.
A casa continua vazia, assim como vazio é o coração.
A futilidade não ajuda em nada;
às vezes a cerveja promove uma viagem no sonho, na fantasia do ser feliz.
Mas o computador chama à realidade. Parafraseando Clarice, é uma mulher com seu amante.
Amante que responde em poucas palavras o desejo de ser mulher,
mulher tonta de desejo, felicidade fugidia promovida de se encontrar com o amado
e misturarem bocas a sussurrarem desejos escondidos.
Escondidos de si mesmo, segredos do coração entontecido de saudades, saudades do que nunca foi visto, tocado, acariciado...
Saudades do amor que não tive.
E o sarau ilumina a vida que se degladia em duas...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Acordo pela manhã em busca do amor
O bocejar é o reflexo desta procura,
Amor de longe, mas que faz da minha alma um pássaro multicolorido...
Prenche o vazio da noite quando os sonhos não foram bons.
Traduz em alegria a espera do cotidiano, da rotina enfadonha do dia que amanhece.
Ainda bem que existe a aurora, esta luz irradiante que sufoca todos os desencantos.
O amor está chegando.
Cada dia fica mais próximo o momento de trazê-lo no colo e secar as lágrimas que escorreram por um longo período.
E o amor, esta coisa linda, mata os leões que me arranham,
palavras ferinas,deboches irônicos, cumprimentos que são rugidos a tornarem os dias mais difíceis.
O amor está chegando...
E eu assobio uma canção doce que soa do violino de Paganinni.
A vida torna-se bela e o bocejar continua sua doce espera,
Espera que faz da vida um eterno amanhecer!

sábado, 1 de maio de 2010

Poetisar...

Ando em busca de algo que preencha a alma.
Um amor, talvez, uma poesia, quem sabe, uma tocata de violino, porque não!
O coração bate descompassado, mas a alegria bate à porta, assim como os raios do sol...
A tristeza é passageira, basta mudar a sintonia da alma.
Alma linda, florida, fagueira, que insiste em se fazer presente!
Alma que brinca com a dor e se esconde num mundo de faz de conta...
Faz de conta que engana e transforma o vazio em férias!
Isto! Estou em férias.
E atuo no vazio da solidão.
Atuo no vazio da vida que balança a cortina,
enchendo a casa de luz!

Madeleines...

Tenho a alma ferida como só...
A respiração está curta e a angústia abriga o peito.
Sem saída, eis a questão: de um lado, a dor da solidão, por outro lado,
a impotência diante das surpresas da vida.
Nunca se espera a dor do outro que atinge seu ser,
Como se não bastasse a saudade do amor que se foi.
Amado amante que se derramava em sorrisos altivos,
dentes alvos a soletrarem o sentimento alvoroçado da casa,
que desenhava em suas paredes a alegria do viver a dois.
Lua cheia como hoje, colchão na varanda,
amor desatinado sob estrelas, amor enlouquecido sobre a luz do vagalume.
Saudade do amor esparramado em notas musicais pelos sabores exalados da cozinha.
Reminiscências vazias em forma de fada nas costas da mulher.
Lembranças tatuadas em clave de sol e nota musical no pulso que manuseia o arco do violino;
notas musicais que choram o amor que se acabou.

Vanessa da Mata - As Rosas Não Falam