domingo, 27 de março de 2011

Monogamia

A vida se entrelaça em nós, brincando com os sentimentos da mulher que se faz monogâmica.
A mulher se completa com um homem só, sem fantasias a envolver terceira pessoa.
Com um homem só completo os desejos do encontro que me faz mulher e procuro fazer deste homem a representação do prazer de dois amantes que se tornam um.
Brinco na cama a formatar desejos em realidade,a buscar ternuras que se transformam em desejos a cantarolar cantigas que se desmancham em fusões de amores a penetrarem o sol da manhã.
O amor se faz pleno.E fantasias de terceira dimensão se desmancham pelo ar diante da voracidade do fogo.
Luz ardente a se queimar,
a permitir o encontro de amantes que se fazem únicos sem a inépcia da volúpia sagaz.

sábado, 26 de março de 2011

Acontecimentos

Trago a alma em frangalhos, faísca da dor que acompanha o dia a dia.
O amor que sonhava ter se perdeu diante das palavras da cigana,
que viu um lado da moeda.
Não foi capaz de ler o coração cheio de esperanças de alguém que esperou o amor.
Não me permito a desistência.
Ainda terei a alma pura de alegria ao dividir amores, ao saborear o café quente em noite de lua.
Seremos felizes.
O serpentear da maldade fará volteios longe do abraço morno da manhã.
E sobre duas rodas caminharemos pelo entardecer da cidade
rumo ao aconchego doce do ninho que nos espera.
Ternura abraçada ao abraço arrepiante ante o alvorecer.
E durante o dia risos molhados ante o beijo quente no tocar de linguas sedentas de prazer.
E nada fará com que o esperado se descubra de verdades diante do calor de corpos
que se desnudam ante acontecimentos esperados após a solidão de quem ama.

Para N.H

quarta-feira, 23 de março de 2011

Espera

Espero pelo meu amor contando nos dedos os momentos que faltam para nosso encontro.
Não mais um encontro abortado pela escuridão do medo, mas um momento de paz,
só nosso, seja na escuridão da noite, seja na luz da manhã.
Meus abraços serão seus abraços e tantos beijos a clarearem noites de espera,
espera aflita de um encontro vazio que se perdeu na chuva.
Nada mais além:corpos a se tocarem, a se conhecerem na doce madrugada.
Nunca mais o desaconchego provocado pelo medo.
Agora, risadas plenas a preparar o slow food.
Cabelos ao vento em plena tarde,brilho galego à luz do sol.
E sorrisos, sorrisos plenos a adocicarem o sabor do encontro,
que se prolongará pela eterna madrugada.
Para N.H

terça-feira, 22 de março de 2011

Doce manhã

Branca é a tez da manhã: assim dizia o poeta banhado de luz.
Tez da manhã em duas rodas a buscar o infinito...
Infinito de luz a apedrejar a escuridão da noite,
Noite vazia de sentimentos,
sentimentos escapulidos pela dor do medo,
que de tonto, afastou o prazer de almas mordidas pela serpente.
Serpente fantasmagórica a desenhar o pavor entre auroras,
auroras que banham de luz cobertas de ouro e veiculadas pelo amor.
Tez da manhã, enbranquecida pela lucidez da aragem que transforma em luz a manhã translúcida de cores.
Não se faz mais medo... a tez da manhã ilumina a escuridão da noite
e as estrelas iluminam a vida.
Vida doce que se transborda no sabor da aurora de luz.
Para N.H

Serpente

Sou como o passarinheiro a me vestir de espinhos contra a nebulosidade da manhã.
Sou cobra cascavel a mudar de peles conforme a estação.
Sou veneno da serpente a destilar mentiras sofridas em noites de solidão.
Sou veneno a amargurar perdas e danos no solfejar amargo da perda que me enfurece.
Sou asa quebrada na solidão de quem ama o vazio,
Vazio profundo que me leva à busca do alvorecer...
Alvorecer que dita notas musicais e sorrisos bemóis ao invés
de amarguras que ferem o coração de quem amou.
Para Paulo Couto

sábado, 19 de março de 2011

Alegria de amar

Vivo secretamente a alegria de amar.
Antes, trazia em mim a alegria desconfortável de uma vida frívola e sem sentido.
Agora faço descobertas diárias de um amor que brota de teimoso entre pedras, pedregulhos, enfeitadas de cactus floridos.
Flores, que além de ornamentarem a alma, matam a sede de um coração que se via aprisionado pelo medo.
Sedento da segurança trazida pela sabedoria do viver sabido do meu amor.
Sábio traçado na solidão da dor que o fez homem.
A alegria não é mais secreta. É construida dia a dia,
entre substantivos, adjetivos e metáforas sinuosas.
A liberdade se constrói ao som de fados,
música que espalha a paz pelo coração antes oprimido pela dor.
Visto a alma de verde, esperança de gargalhadas que se afloram no rosto da mulher,
que transcende a alegria de amar.

Noite

É comum ouvir que o poeta é um sofredor.
Carrega em seu peito as dores e sentimentos de perdas, desencontros e solidão.
Verdade.
Até a alegria tem seu alto preço na perspicácia da solitude.
A imaginação do poeta o leva ao faz de conta da companhia que não existe.
Desorienta a loucura e traz movimentos oníricos de prazer...
Me confesso ante a voz que não diz sim.
E me perco entre palavras e gestos do vazio.
Incerteza.
Nada que faça o encontro de estrelas, de almas que se parecem afins.
Sedução da plenitude que não vem
E faz chorar pingos de luz na imensidão da noite.

Poema do Perdão

Vi em seu olhar a ternura macia e uma voz grave a adoçar a vida de paz.
Antes não queria. Tive medo.
Medo de me deixar envolver pelas auréolas de luz inebriadas pela claridade da lua.
Mas nem tudo está perdido. Medo?
Quem ama se entrega ao abraço que pode ser aconchegante na madrugada cálida de luz.
Luminosidade etérea na versão de um amor adulto, sem as arestas infantis de um relacionamento.
Quero. E daí?
A maturidade não alcançada no tempo certo invalidou o querer de uma mulher.
Mulher que hoje se lambuza da esperança de um novo amanhecer.
Amanhecer a encher de luz e promessas um amor amadurecido
Pela dureza do não, consequência de frases malditas,
já perdoadas pelo coração singelo da mulher.

terça-feira, 15 de março de 2011

Insônia

Viajo pela noite em pensamentos mortíferos a me fazerem companhia na cama macia.
Não consigo dormir. Medicamentos representam balas de camomila e a cabeça gira, gira, sem parar.
Sou um besouro em torno da luz...
Se a luz é apagada, vagueio pela escuridão da noite, rolando na cama que não acalma o ser que deseja dormir.
Levanto.
Saboreio um café que afaga a insônia maldita.
Não há deleite do dormir dos anjos.
O que há é um espaço enorme para um corpo sozinho
e o rosnar de sonhos a morderem minha paz.
Quero dormir.
Sonhar que ando pelos campos floridos de margaridas.
Acordar em paz na luminosidade da manhã.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Desengano

Não sei o que há, o que houve, o que não haverá.
Cigana matreira, sabotou o coração de uma mulher
que esperou pelo amor doce do amado desconhecido...
Um nome, um desejo, um desencontro infeliz, impedimento passível de perdão que não veio.
Não houve a entrega, o tocar de corpos, olhos nos olhos cheios de desejo.
Pobre cigana... sua infabilidade foi desprezada pela ignorância infantil que assolou a alma.
A solidão é mascarada pela amizade que há no encontro de dois seres desamados, duas almas perdidas no barulho da chuva, no vento que assobia pela escuridão da noite.
Não haverá passeio pela madrugada, sorvete em dia de sol, nem café em noites frias.
Sei o que há: mágoa que entontece o coração do viajante perdido em noites insones,
no viajar noturno, dor da ferida provocada pela escuridão da estupidez de alguém que teve medo de amar.
Para N.H.

PAZ

Tenho o coração confuso:sentimentos matreiros a aprisionarem minha alma no vazio.
Pensamentos se perdem na escuridão e me enovelo em teias bem traçadas pelas aranhas do mal.
Sinto-me só. E me engano nas buscas obscuras que atropelam o viver tranquilo da vida de ontem.
Mas a luz noturna é neon: e de manhã, abraço o sol mesmo que soberbo entre nuvens chuvosas.
Apesar da chuva medicamentosa, caio na real e me despeço aliviada da tontura causada pelo veneno destilado devagar pela alma que se faz doce.
A liberdade me abraça e sou acariciada pela paz.
A leveza da alma torna-se presente. Volto a ser feliz.