quinta-feira, 29 de março de 2012

RECOMEÇO

Palavras soltas, segredos não violados de uma vida vivida em fragmentos durante anos: cada um em seu pedaço.
De repente, não mais que de repente, a voz trazida do passado revira a alma da mulher.
São lembranças suaves que amortecem dores que feriram almas duplas, em sentimentos unidos, mas paralelos.
Um hiato: cada um em seu jardim plantou flores e arrancaram ervas daninhas a ferir corações sensíveis e amadurecidos pela dor.
Buscas aflitas, incertas, sofridas, às vezes enganadas com a doçura da ilusão.
Não só a mulher viaja: seu homem também. A cada momento de prosa, reminiscências afloram e pedem passagem: ternura que ternuriza os corações de dois adultos que se amam desde criança.
Não são devaneios. Mas a delícia de se reconhecerem no presente.
Não tão jovens. Rugas, cabelos brancos que se encontram na plenitude.
Achegue-se, meu homem. No fundo esperei a vida inteira por esse momento, assim como você me levou embalada em seus sonhos.
Eu sinto que sonhou: leio seus olhos, como decifras as esmeraldas que te querem aqui, passo lento, abraço suave, mãos dadas, passos sintonizados, deixando marcas na areia branca...
O passo é lento,mas a areia mais macia, porque o caminhar é suave!

terça-feira, 27 de março de 2012

Sonho da Sexta- Feira

Hoje "descasquei cebola", pétala por pétala, conhecendo a maravilha de uma raiz tão original...
A cada camada, analisei sonhos, verdades e verdades, ensinadas por Rubem Alves.
Nada me escapou de todas as fantasias representadas por cada pétala da cebola:
Babete que prepara a mesa, louças e taças cheias de vinho branco... Será?
O alimento enfeita a mesa e saliva a boca doce que se escorre pelo avental bordado de florinhas, inspiradas nos versos de Cora Coralina.
Corpos suados se abraçam,numa mistura de desejos atingíveis, palpáveis e desenhados a cada minuto da vida, a cada dia que se foi no ato da espera.
Baruchear, eis o verbo que se conjuga a dois, em relâmpagos que clareiam a noite de uma lua que cresce...
Cresce, Lua, abraça por inteiro a criança que se faz mulher agora...
Lua, luar, lual a iluminar a vida que se abraça numa taça que não é de vinho.
E Barucheando, vamos noite afora, entre risadas contidas e gargalhadas escandalosas!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Agora

O desejo aflora-se violentamente ao ouvir palavras hedonistas ao pé do ouvido.
Esqueço-me de decisões definidas, definitivas, no momento da dor.
Palavras deliciosas que levam a momentos vividos deliciosamente a dois...
Definidas, definitivas, deliciosas, deliciosamente, vivo o agora
Agora, quando começa a preparação para a sexta, que não é mais quarta, nem cheia, muito menos crescente.
É nova. Novamente tudo é azul e o céu acobertado de estrelas.
Avental... florido, poetizado, cobre o corpo da mulher que aguarda flores, floridas em pleno outono.
Querido, querido, estou e estarei sempre aqui.
E aqui, cato tesouros entre palavras ditas por nós.
E agora, acordo para o agora, que faz de mim uma mulher.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Liberdade.

O coração perde o peso de pecados cometidos e não cometidos diante da lucidez da alma.
Mimmo canta acompanhando a brisa que rola pela casa e o perfume de rosas brancas que acalantam seu coraçãozinho de pássaro companheiro, a responder pela voz que o chama de amor.
Tudo caminha para a normalidade, com sabor de paz, colorida de azul,
azul da cor do céu de abril.
Estou leve. Pressinto a claridade da alma, trabalhada com carinho por pessoas especiais, mentores sábios e caridosos, a perceberem a menina que se fez mulher diante
das correntezas do rio e pó cinzento de chaminés.
Vou atrás da brisa mansa, do marulhar das águas do rio, dos pés descalços entre pedras, capistranas e ipês amarelos.
Vou em busca da paz "de criança dormindo", do riso calmo, do cabelo sem papelotes e do vento que assopra da direção do rio. Levarei Mimmo comigo... E nos jardins do "portão" ele será solto e voará livre em direção ao infinito.

sábado, 3 de março de 2012

ADRIANA

Como homenagear uma mulher doce, amiga, real, guerreira,
que faz da sua vida um regato de águas refrescantes,
amortecendo a dor dilacerante, estúpida, a sangrar coração?
Mulher de garra, ama a família, supera desafios,
arregaça as mangas a cada movimento brusco no horizonte, na terra,
na alma...
Mulher , gerou um filho, "dom de Deus", neto de duas mulheres
que apagaram dos olhos azuis e verdes, quaisquer vestígios de tristeza...
Continuo nas reticencias....
Nossa história presente e contínua, nas alegrias, visitamos Cora Coralina
percorrendo os becos de sua Goiás, entontecendo almas de prazer diante
a delicadeza das memórias de outra mulher...
...as reminiscências são como Madeleine...
Proust deixou marcado nos corações de quem ama...
Tenho uma filha... gerada na eternidade...
Volta para mim, emprestada pela sua mãe sanguínea, abençoada por permitir
esse amor iluminado...
As reticencias não param... serão brindadas com vinho cedido pelos deuses que a
trazem no colo... Tim Tim!