quinta-feira, 26 de março de 2015

LIBERTAÇÃO


Sinto a liberdade brincar com os meus cabelos e o vento desenha cores em meu sorrir.
Tantos dias perdida, alvoroçada de medo,
Medo que minha solitude fosse invadida.

Não sei mais o que é dividir as asas com ninguém que tem o dom de me fazer infeliz.

Viajo entre sonhos, cavalgo numa estrada colorida e o corpo esvoaçante brinca entre fantasias e
perspectiva de liberdade,

Meu Deus, como demorei a enxergar o mal que me traria os escombros do passado...

Agora sinto o vento na pele que se arrepia de prazer.

Prazer. viajor das campinas verdejantes sob as ancas de um cavalo.
Cavalo marchador, que às vezes galopa por caminhos inusitados, pedregosos ou abençoados por estradas macias...
O cabelo, voa solto como a alma, menina deslumbrada sob as ancas do cavalo que se perde na liberdade.
Beijos molhados, abraços apertados na imensidão de espaços que abrigam dois seres vívidos pela paixão .
Como  é adocicado o mel a escorrer pela boca sedenta de toques, magia perfumada pelas flores silvestres a se dependurarem na garupa do cavalo que relincha de satisfação.

E o seu trote deixa marcas encobertas pelo corpo amadurecido da mulher que se faz presente
no galgar infinito da felicidade.

E o medo, esse ignoto sentimento, se escorre para as patas do cavalo, quando é  pisoteado pelo sentimento de liberdade...

E o casal, salvo pela ignorancia do pensamento equivocado, galopa junto pela imensidão do ser, pelo levitar transgredido pelo pensamento saudável trazido pela sabedoria...

Sapiens...tudo que a vida proporciona após a lavagem da alma, após a libertação definitiva do viver.

Estou livre. Transgredi a ignorancia do sentimento de posse a maltratar minha pele, a puxar os cabelos amortecendo o cérebro do seu pensar.

E galgo a passos lentos nos braços do homem que me faz feliz...

  

segunda-feira, 23 de março de 2015

VIAGEM


Fiz um pouco de tudo hoje: andei pela casa, observei a chuva caindo forte e de mansinho,
Conversei com pretensos amigos e amigos de verdade,
Pensei muito nas atitudes que pretendo tomar
e caí de quatro em minha cama que aguardava meu tropeço.

Ouvi músicas. E partituras de Dó preencheram o vazio da casa,
Nada foi em vão.
A televisão estava em silencio.

Abri uma cerveja que pediu outra e mais outra para que eu não sucumbisse.

Estou de pé.O som continua a jorrar melodias pela casa, impregnando as paredes de notas musicais
que preenchem de harmonia, a vida temporariamente vazia.

Busco em mim o efeito do som, remédio homeopático para as dores invisíveis que apertam o coração.
E nessa busca, compreendo a pequenez da minha alma.

Alminha pequenininha, essa coitadinha que se enche de ilusões que nem um deus maior pode tolerar.

Ah! cresce, minh'alma e acredita em seu passado remoto, esse bicho feroz que atormenta seu viver.

Abra a janela gotejada dos pingos da chuva e voa...
Voa livre pela negritude do céu, chacoalhado de estrelas...
Estrelas cujas luzes alumiam as alminhas que fogem da escuridão proposta pela humanidade.



sábado, 21 de março de 2015

SOLIDÃO



  Senti saudades de uma casa onde morei ,cujas janelas ficavam todas abertas.
  A solidão era dosada por pessoas que faziam parte da minha vida,
  E as janelas escancaravam o mundo além dos meus olhos.


Olhos que buscavam o mundo: pela frente, a rua: pelos fundos o quintal que amei.

Pelos fundos via a lua e milhares de flores que povoavam a vida  que vivi.
Nada é eterno, muito menos as relações humanas.


Hoje estou aqui. Quis conversar. Mas todas as pessoas estão ocupadas digladiando com as teclas do computador.

Perguntas e respostas não tem o espelho translúcido do olhar para refletir a transparência da íris.

Mistério da sexta à noite.

Que pessoas povoam o planeta?  Cada uma em volta do seu próprio umbigo, sem ter o prazer de uma tertúlia?

Tertúlia... palavra desconhecida por milhares de pessoas que não sabem o significado de uma ciranda, de uma roda de amigos ,do bel prazer de uma boa prosa em volta de uma mesa.

Cada um se procura em si mesmo e como Narciso responde suas próprias perguntas, faz doer até sangrar o próprio coração e,

pra dormir se chacoalha com um rivotril que se desenrosca pela garganta até alcançar o caminho da solidão.

Solidão que usa e abusa da maciez do ser humano.







sábado, 14 de março de 2015

MISTÉRIO

Não compreendo o mistério da poesia na alma,
Muito menos a maneira que ela nasce de suas entranhas.

Sem dor, sem lágrimas, mas com uma entrega inexorável, perfeita.


É um parto macio, doce, escorregadio como o entregar ao amor, como o saborear da manga que escorre seu caldo cotovelo abaixo...

Ah! o sabor desse mistério extravasa qualquer sentimento de vazio ou preenchimento da alma.

Alma, essa menina insubordinada que se lambe com o caldo da manga e se faz menina no marulhar do rio que a abriga!

Não só o rio...

Pássaros alimentados pelas frutas corriqueiras ao seu voo iluminado em direção ao azul.

Azul anil, canto embriagado pela lucidez da beleza da liberdade.

Azul magnânimo que se reflete nas águas perdidas do rio,sucumbidas  pela imensidão do céu, que se faz pequeno no vale verdejante que desabrocha em orquídeas...

Mistério que se faz nuvem e se desfaz como algodão doce.

E a poesia jorra letras a formar palavras vadias na imensidão do ser! 

POESIAS


Como definir o dia da poesia se as palavras brincam com a vida a cada despetalar de flores?
Poesia se faz presente a cada momento da explosão de sentimentos,
seja ela ferina ou doce do perfume das flores,
do gorjear de pássaros que se fazem  naturais diante um mamão maduro.

São como gatos que miam céleres diante da magnitude de casas e jardins que os acolhem.

A poesia se faz presente a cada segundo do viver, seja ele adolescente ou adulto,
seja diante do navio negreiro, seja ele diante do mar, seja ele diante da cerveja degustada entre
quatro paredes.

A poesia se faz presente diante da mulher atrevida que escapole do ventre da mãe e brinca
de amarelinha pela calçada da rua pedregosa que se faz de madrinha...

Não há madrinha, muito menos dia da poesia.As palavras se desenrolam como se fora o destarrachar das chaves de uma porta.

Porta que se faz menina fazendo pirraça e sendo desenroscada pela mão infantil que insiste em ser livre.


Livre é o vento que assobia permitindo que as almas de todos os poetas, vivos ou natimortos,
ressurjam na vastidão de jardins cobertos de borboletas...

E o borboletário cheio de larvas permite o esvoaçar de palavras que se transformam em poesias!

sábado, 7 de março de 2015

DECISÃO


Tive noites pavorosas, com o objetivo de ressuscitar o passado.
É verdade... passado já morto, mas insistente em renascer como fênix.
Mil motivos pululavam no consciente, querendo invadir a vida presente, como picadas de gafanhoto.

Pesadelos me levaram a um tempo morto.
Só o presente me interessa.

Acordo mansinho, dou risadas, e me pego cantando...
Maria Bethânia sopra aos meus ouvidos lances do presente, que esteve machucado pela dor.

Mas o canto insiste em provocar risadas na leveza da alma decidida.

Não cairei no mesmo abismo. Conheço a subida e os arranhões agressivos da vida.

Sou livre.