sábado, 18 de julho de 2015

TOBOGÃ


Dez dias nas praias de Fortaleza, buscando nos grãos de areia, na luminosidade do sol, no azul do céu, nas expressões tranquilas das pessoas a se bronzearem sob o  sol, a paz que preenchesse de vida a vida vazia que se projetava nas ondas do mar.

Tudo em vão. Não se abandona o casulo na busca inconsequente da realidade.

A felicidade está nas pequenas coisas da vida, no amor infinito aos filhos,
nas atitudes do neto ao conquistar a vitória no vestibular, apesar de seus dezessete anos,
nos brotos da samambaia que explodem a vida rompendo a força da terra,
no abraço carinhoso do marido ao compreender as atitudes de uma menina, que na melhor idade
escorrega no tobogã do sonho.

Mais uma vez a vida brinca de faz de conta comigo e,
nas marés do mar de Fortaleza, escapulo do caldo e aterrizo nas montanhas de Minas.


Saculejo a areia que faz de mim um ser encapado de sonhos.

Caio numa cachoeira de água doce a lavar minh'alma de conchas coloridas a se grudarem em mim


A água doce me deixa leve.

E no carinho aconchegante do lar, me encontro feliz.

Felicidade real, a acobertar de uma realidade sadia.

Acaricio os cabelos macios. Sou feliz ao escorregar pelo tobogã da alegria.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

SOLITUDE DA MANHÃ



De mansinho saio da realidade que desenhei com ternura e me transformo numa pavoa bonita que se explode em cores e explode num tom colorido, multifacetado em alaridos  multicores.

Continuo livre. O soprar do vento e a doçura da cerveja saculejam a saia e me fazem cantarolar de alegria.


O tempo sopra a meu favor...
As surpresas da vida fofolecem a vida, que ,traiçoeira mostra um caminho equivocado contra a solidão.

Mas a ternura da manhã desperta o engano sombrio e ilumina a cor da alegria...

Tenho a felicidade saltitante, nem que seja por segundos alternados pela sombra da solidão!

Saltito em direção ao brilho do sol, à luz das estrelas, à insensatez do desejo que não morreu.

Estou aqui, vento bonito... Leva-me sem direção ao caminho sem marcas, sem passado, sem agonia!

E num abraço frenético, me deslancho no afeto que me aguarda  à insensatez do desejo que palpita em sete cores, o colorido do arco iris.

Estou aqui meu ébano bonito e carregado de cores.

Cores que colorem de vida o caminho da solidão.




segunda-feira, 13 de abril de 2015

VAZIO A DOIS

Do, Ré, Mi, Fá, SOl, Ré  Lá , Mi...

Me faça entender porque tanto vazio na escala musical...

Vazio cheirando a sabonete, a solidão a dois.

Dois seres no mesmo espaço,um amor perdido na imensidão do ser...

Estamos aqui! Sós.

Solitude  que se multiplica na escuridão da noite, na leveza estúpida da solidão!

terça-feira, 7 de abril de 2015

DIAS AZUIS



O coração vadio derrete-se de ternura.
O passado brinca de esconde esconde com as surpresas que acalentam o coração.
Surpresas antes desejadas concretizam-se na imensidão do ser.

Nada de fantasias sonhadas no vazio das noites maldormidas.
A realidade se configura com toda a beleza do jardim em flor que acalentou a solidão de quem acreditou na verdade que um dia chegaria no universo vivo de quem espera dias azuis.

Dias azuis, longe de fantasias algozes a saculejarem de medo o coração bobo, mas esperto ao separar o joio do trigo.

Joio a ser queimado na fogueira malsã de um breu esfumaçado de maledicências.

Trigo a desabrochar no campo dourado, irradiado pela luminosidade iridescente da luz solar.

Sonho meu,
Estou aqui. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

LIBERTAÇÃO


Sinto a liberdade brincar com os meus cabelos e o vento desenha cores em meu sorrir.
Tantos dias perdida, alvoroçada de medo,
Medo que minha solitude fosse invadida.

Não sei mais o que é dividir as asas com ninguém que tem o dom de me fazer infeliz.

Viajo entre sonhos, cavalgo numa estrada colorida e o corpo esvoaçante brinca entre fantasias e
perspectiva de liberdade,

Meu Deus, como demorei a enxergar o mal que me traria os escombros do passado...

Agora sinto o vento na pele que se arrepia de prazer.

Prazer. viajor das campinas verdejantes sob as ancas de um cavalo.
Cavalo marchador, que às vezes galopa por caminhos inusitados, pedregosos ou abençoados por estradas macias...
O cabelo, voa solto como a alma, menina deslumbrada sob as ancas do cavalo que se perde na liberdade.
Beijos molhados, abraços apertados na imensidão de espaços que abrigam dois seres vívidos pela paixão .
Como  é adocicado o mel a escorrer pela boca sedenta de toques, magia perfumada pelas flores silvestres a se dependurarem na garupa do cavalo que relincha de satisfação.

E o seu trote deixa marcas encobertas pelo corpo amadurecido da mulher que se faz presente
no galgar infinito da felicidade.

E o medo, esse ignoto sentimento, se escorre para as patas do cavalo, quando é  pisoteado pelo sentimento de liberdade...

E o casal, salvo pela ignorancia do pensamento equivocado, galopa junto pela imensidão do ser, pelo levitar transgredido pelo pensamento saudável trazido pela sabedoria...

Sapiens...tudo que a vida proporciona após a lavagem da alma, após a libertação definitiva do viver.

Estou livre. Transgredi a ignorancia do sentimento de posse a maltratar minha pele, a puxar os cabelos amortecendo o cérebro do seu pensar.

E galgo a passos lentos nos braços do homem que me faz feliz...

  

segunda-feira, 23 de março de 2015

VIAGEM


Fiz um pouco de tudo hoje: andei pela casa, observei a chuva caindo forte e de mansinho,
Conversei com pretensos amigos e amigos de verdade,
Pensei muito nas atitudes que pretendo tomar
e caí de quatro em minha cama que aguardava meu tropeço.

Ouvi músicas. E partituras de Dó preencheram o vazio da casa,
Nada foi em vão.
A televisão estava em silencio.

Abri uma cerveja que pediu outra e mais outra para que eu não sucumbisse.

Estou de pé.O som continua a jorrar melodias pela casa, impregnando as paredes de notas musicais
que preenchem de harmonia, a vida temporariamente vazia.

Busco em mim o efeito do som, remédio homeopático para as dores invisíveis que apertam o coração.
E nessa busca, compreendo a pequenez da minha alma.

Alminha pequenininha, essa coitadinha que se enche de ilusões que nem um deus maior pode tolerar.

Ah! cresce, minh'alma e acredita em seu passado remoto, esse bicho feroz que atormenta seu viver.

Abra a janela gotejada dos pingos da chuva e voa...
Voa livre pela negritude do céu, chacoalhado de estrelas...
Estrelas cujas luzes alumiam as alminhas que fogem da escuridão proposta pela humanidade.



sábado, 21 de março de 2015

SOLIDÃO



  Senti saudades de uma casa onde morei ,cujas janelas ficavam todas abertas.
  A solidão era dosada por pessoas que faziam parte da minha vida,
  E as janelas escancaravam o mundo além dos meus olhos.


Olhos que buscavam o mundo: pela frente, a rua: pelos fundos o quintal que amei.

Pelos fundos via a lua e milhares de flores que povoavam a vida  que vivi.
Nada é eterno, muito menos as relações humanas.


Hoje estou aqui. Quis conversar. Mas todas as pessoas estão ocupadas digladiando com as teclas do computador.

Perguntas e respostas não tem o espelho translúcido do olhar para refletir a transparência da íris.

Mistério da sexta à noite.

Que pessoas povoam o planeta?  Cada uma em volta do seu próprio umbigo, sem ter o prazer de uma tertúlia?

Tertúlia... palavra desconhecida por milhares de pessoas que não sabem o significado de uma ciranda, de uma roda de amigos ,do bel prazer de uma boa prosa em volta de uma mesa.

Cada um se procura em si mesmo e como Narciso responde suas próprias perguntas, faz doer até sangrar o próprio coração e,

pra dormir se chacoalha com um rivotril que se desenrosca pela garganta até alcançar o caminho da solidão.

Solidão que usa e abusa da maciez do ser humano.







sábado, 14 de março de 2015

MISTÉRIO

Não compreendo o mistério da poesia na alma,
Muito menos a maneira que ela nasce de suas entranhas.

Sem dor, sem lágrimas, mas com uma entrega inexorável, perfeita.


É um parto macio, doce, escorregadio como o entregar ao amor, como o saborear da manga que escorre seu caldo cotovelo abaixo...

Ah! o sabor desse mistério extravasa qualquer sentimento de vazio ou preenchimento da alma.

Alma, essa menina insubordinada que se lambe com o caldo da manga e se faz menina no marulhar do rio que a abriga!

Não só o rio...

Pássaros alimentados pelas frutas corriqueiras ao seu voo iluminado em direção ao azul.

Azul anil, canto embriagado pela lucidez da beleza da liberdade.

Azul magnânimo que se reflete nas águas perdidas do rio,sucumbidas  pela imensidão do céu, que se faz pequeno no vale verdejante que desabrocha em orquídeas...

Mistério que se faz nuvem e se desfaz como algodão doce.

E a poesia jorra letras a formar palavras vadias na imensidão do ser! 

POESIAS


Como definir o dia da poesia se as palavras brincam com a vida a cada despetalar de flores?
Poesia se faz presente a cada momento da explosão de sentimentos,
seja ela ferina ou doce do perfume das flores,
do gorjear de pássaros que se fazem  naturais diante um mamão maduro.

São como gatos que miam céleres diante da magnitude de casas e jardins que os acolhem.

A poesia se faz presente a cada segundo do viver, seja ele adolescente ou adulto,
seja diante do navio negreiro, seja ele diante do mar, seja ele diante da cerveja degustada entre
quatro paredes.

A poesia se faz presente diante da mulher atrevida que escapole do ventre da mãe e brinca
de amarelinha pela calçada da rua pedregosa que se faz de madrinha...

Não há madrinha, muito menos dia da poesia.As palavras se desenrolam como se fora o destarrachar das chaves de uma porta.

Porta que se faz menina fazendo pirraça e sendo desenroscada pela mão infantil que insiste em ser livre.


Livre é o vento que assobia permitindo que as almas de todos os poetas, vivos ou natimortos,
ressurjam na vastidão de jardins cobertos de borboletas...

E o borboletário cheio de larvas permite o esvoaçar de palavras que se transformam em poesias!

sábado, 7 de março de 2015

DECISÃO


Tive noites pavorosas, com o objetivo de ressuscitar o passado.
É verdade... passado já morto, mas insistente em renascer como fênix.
Mil motivos pululavam no consciente, querendo invadir a vida presente, como picadas de gafanhoto.

Pesadelos me levaram a um tempo morto.
Só o presente me interessa.

Acordo mansinho, dou risadas, e me pego cantando...
Maria Bethânia sopra aos meus ouvidos lances do presente, que esteve machucado pela dor.

Mas o canto insiste em provocar risadas na leveza da alma decidida.

Não cairei no mesmo abismo. Conheço a subida e os arranhões agressivos da vida.

Sou livre.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

RENDA DE BILROS


A vida, essa menina insubordinada, brinca comigo através do vai e vem dos pensamentos.
Como é levada a fazer de mim novamente uma garota, ou quem sabe, uma mulher livre!

Pensamentos recuam pelo tempo e se encontram com fios de memórias a traçarem bordados de
renda de bilros.

Pontos entrelaçam na agulha e tecem novamente atos de amor nos encontros marcados na surdina da aventura...

Quero seus braços a me enlaçarem no calor da tarde,
Na magia do chopp a deslizar pela garganta molhada de desejo.

Sou livre ainda...
Porque não te encontrar?

Por que não nos enroscarmos num abraço de desejo e ternura?
A paixão grita enlouquecida e a recíproca é verdadeira.

Não importam compromissos acordados no silencio da noite.

O que grita no sabor da solidão é a vontade transloucada de estar com você outra vez,
minutos deliciosos de prazer, no encontro vadio, passional e travesso ao cair da tarde.

Belle de jour... Estou aqui!




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ROTINA

 
     Terminou o horário de verão. Ainda não me acostumei.
     Continuo me deitando muito cedo e me acordando muito cedo também.

    As palavras brincam de esconde esconde no cérebro, enrolando e desenrolando um novelo de linhas, bem fininhas, que se transformam em frases entre as paredes da casa.

Coo café, saboreio o primeiro gole, tomo banho e aguardo os movimentos da vida que se fazem presentes pelas janelas entreabertas.

Aqui dentro tem vida. E como tem...  Vida a brotar por todos os poros, gritando pra sobreviver.
Acorda, criatura! Uma praça bem traçada e arquitetada para satisfazer seus desejos aguarda por você.

Não espere pela companhia. Ela virá. Enquanto isso, saia pelas ruas.
Caminhe lentamente observando as estrelas que se recolhem a dormir e atente-se aos raios de sol que
iluminam o  viver.

A vida, mais uma vez brota estonteante, rodopiando de mãos dadas com as luzes brilhantes do sol.

Permita que a alegria, sua âncora sedutora, desnorteie a irritabilidade que por acaso insistir em acompanhar seus passos.

Saia da rotina. Erga os olhos e siga em frente
.Deixe os cabelos, agora longos, secarem ao movimento suave do vento.

Vento, ento... Dispa-me dos gestos corriqueiros que pesam a alma em eterno movimento.
Abra suas asas sobre o peito que explode , respira e aspira a leveza transcendente da natureza.

Caminhe. Ande docemente pelas avenidas abarrotadas de saudades por você.
Exale felicidade pelos poros entreabertos de prazer.

Vida se faz vida num carrossel de sentimentos que se desenrolam do carretel de ternura.

Ternure-se...


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

VIDA MENINA


         Vejo diante de mim uma tela em branco e o teclado prenuncia que palavras serão formadas ,
          delineando às vezes, frases desconexas...

          Não é mal sinal. Pelo contrário: aviso inexorável de que estou viva, voando como uma borboleta entre flores da memória.

         Sinto que a vida recomeça. Não de onde parou, mas depois de um hiato profundo, desenhado por um traçado octogonal onde possibilidades se esvaíram a cada esquina sonhada pela moça teimosa em esperar.

Claro que esperei... "um anjo torto" me disse que tudo se ajeitaria no voltear da vida!

E a vida se fez menina.

Menina levada e reticente  em acreditar no possível, no imaginado, na ternura que se esvaiu entre dedos.

Ternura reencontrada no presente. Ternura peneirada entre dores e sorrisos.

Ternura regada de afeto pela sapiência de filhos gerados nas cálidas noites de lua nova, crescente e cheia.
Na lua minguante, minguaram-se as feridas que um dia, sangraram os corações.

Hoje, chuvas de estrelas percorrem o caminho preenchido pelo sabor do reencontro.

Ah! reencontro aguardado pela ternura que salpica de esperança o abraço que se forma no desenho de um coração.

Realmente, sou deliciosamente desconexa...

Ao contrário do previsto, reticências... Vida menina a saborear chocolate nas noites de verão.



NOVA CASA VELHA.


  Andei por caminhos conhecidos pela memória infantil.
  Pelas ruas procurei infância e juventude mal mal vividas e contadas pela história.
  Ladrilhos hidráulicos não refletiram sinais buscados no meu pátio de brincar.


  Meu rio agora marejava longe suas lágrimas de perda das águas marulhantes, que antes registrara sua vida.

As flores fizeram minha alegria. Ah! flores coloridas perfumaram a vida e a solidão que como sombra,
vagavam comigo pela noite escura.

Fui acordada pelo canto do galo, que insistia em alto e bom tom a realidade que afligia, amortecida
pelo gole da cerveja, fria, gelada, ao descer pela garganta num sacudir das cordas vocais que berravam os sons agoniados de uma busca inútil do que não vivi.

O que não vivi perdeu-se rio abaixo e o que me aguardara foram passos perdidos na escuridão da noite.

Tudo em vão.

Acolhida, volto ao colo da mãe adotiva, fragilizada pela busca inútil traduzida em solidão.

Não busco mais verdades absorvidas pela escuridão da noite, pela dor depressiva a me jogar pirambeira abaixo.

Me ergo devagar. Já me encontro de quatro.

Quatro passos, quatro vozes, quatro comprimidos a me salvarem do ato de me sucumbir.
Quatro mãos a apoiarem as costas, evitando um tombo maior.

Oito mãos a segurar minhas dores, a permitirem novo fôlego profundo,

Oito mãos a me aconchegarem no colo macio da certeza do amor suave como um chumaço de algodão.

E a vida se faz vida na "nova casa velha".