sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Esperança

Mais uma vez a vida brinca de faz de conta
e ilumina meu coração de esperança...
Esperança de um amor que arboriza minha vida de flores
e doçura,
carinho de alguém que surge do nada
e do nada prenche de alegria a casa junto com o canto do pássaro.
Perfumo o espaço com cheiros de margaridas
e sabores da cozinha misturam-se no ar.
O faz de conta faz o som de risadas encherem de luz
o caminho em direção à cama,
doce aconchego para corpos sedentos de amor.
E brincando, amamos.
Amamos de paixão e descansamos os corpos
com pernas entrelaçadas,
enquanto acariciamos rostos sedentos
de novo faz de conta...
E o faz de conta se faz verdade
na luminosidade da manhã.

Esperança

sexta-feira, 30 de julho de 2010

SOLITUDINE

não sei ao certo o que é alegria
nem sei se sou feliz ou não.
Sou alguém que procura a completude nas
palavras e gestos, no canto dos pássaros,
na música e no amor que não vem.
Não espero nenhum sentimento diferente.
Aceito a música, doce melodia a preencher a vida
e o vazio profundo a chorar sua existência.
A musica substitui o carinho que tarda em função
do fuso horário que é feroz.
Enquanto isso a birra desliza pela garganta da
brasileira que ainda acredita no amor, mesmo a distância.
A solitude brinca de vai e vem com o coração menino,
coração bobo que espera a alegria proporcionada pela musica italiana.
Solitudine no! Allegria
Allegria que não chega, mesmo na madrugada fria.

sábado, 10 de julho de 2010

Só porque estava distraida

Estava distraida em minha solidão quando minha alma se iluminou...
o pássaro cantou como nunca e minha pele se transformou em seda
em mãos macias e calmas...
O olhar mostrou a alma que, entontecida de alegria fez o corpo tremer.
Beijos carinhosos e molhados percorreram corpos
E o amor estremeceu a vida
que há muito dormia em sua solitude.
tudo aconteceu, pois estava distraida observando os ipês rosa que enchem a cidade de cores...
Agora ando feliz a esperar outro momento de distração!
Quero morrer distraida para reencontrar a paz.
Paz entrelaçada em pernas,quentes e faceiras no abraço
que amortece a solidão e tras de volta a alegria de viver.
Os olhos, mais que verdes abraçam a luz e desenvolvem felicidade...
Luminosidade etérea trazida pelo vento!

domingo, 4 de julho de 2010

Mimmo

Acordo faceira após uma noite bem dormida.
A esperança guia o coração para momentos felizes.

Mas, nem tudo acontece como sonhamos:
A dor da solidão me obriga a viver sozinha.

Só como o bem- ti- vi que canta sua alegria de viver,
Saudando o amanhecer.

Sol e lua dominam o céu.
A lua insiste em mostrar seu brilho,
E sua luminosidade chega a ofuscar a beleza do sol.

Sou assim com meu amor: sol e lua.
Mimmosa cena de separação.
A faceirice ao acordar foi só uma expectativa que se foi.

A lua se vai e o sol reina absoluto.
Enquanto isso, Mimmo canta enchendo a casa com seu trinado de paz.


Mimmosice ao som do canto do pássaro.

Não há como ser infeliz...

Canto!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Inverno

A saudade é carregada pelo vento, pra lá e pra cá,
desrespeitando a hombridade da mulher.
Mulher que transforma em versos a dor da ausência do seu amor.
Amor fugidio, faceiro, oculto na profundidade da alma.
Mulher que se despe, demonstrando todo sentimento que sacode suas entranhas.
Saudade que se desnuda diante dos ipês rosa, floridos, encantando a passagem da solidão.
Solidão não se esvai: percorre as veias, dilacera o coração que diz não.
Não. O quarto vazio não se preenche com saudades de momentos que ainda estão por vir.
Versos desnudam a alma, o corpo inteiro, as entranhas.
Saudade matreira a esfacelar palavras e jogá-las pelo vento.
Vento macio zumbindo nos ouvidos femininos, espalhando letras,
formando a palavra saudade.
Inverno!

sábado, 19 de junho de 2010

Liberdade de ser só

O amor feriu minha alma como se fere a carne.
Tudo em vão,como a vontade de ter uma companhia.
Nasci para a solidão, para ficar eternamente só,
Entre pássaro, flores, livros
e a cerveja que amacia a dor pela falta dos amigos.
Sou frangalho de gente a sentir o palpitar amargo do coração.
Mas,continuo amando pessoas queridas, diferentes de mim.
Não sei buscar recursos para amainar a solidão.
Sei ouvir o canto do pássaro e me deliciar com poesias
que fazem adormecer o coração.
Deixá-lo quietinho como uma largarta em seu casulo,
esperando o voo para a liberdade.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Chico

Canário belga a alegrar a vida, completar os dias,
trinar com seu canto os ouvidos surdos de afeto.
O bom dia fez parte da vida, do amanhecer friozinho
quando se abria a janela.
No calor, seu banho esparramava água e alegria pela janela
depois de se fartar da comidinha oferecida com carinho.
Mas a morte chega.
E leva consigo a desesperança
e ao mesmo tempo traz a esperança do renascer...
Nascer de novo para a vida que se faz de tonta diante da surpresa
da morte.
Morte. aparencia de dor que se transforma em esperança.
Esperança de um trinado diferente aliviando a alma
que se desfaz em pétalas de girassóis...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mimmo

Fico quietinha a ver meu amor trabalhar.
Sinto seus olhos, seu ar compenetrado, seu jeito manso de ser Mimmo.
Não me importo.
Quando podemos, o amor se faz presente e o calor da alma queima a vida
que se faz inteira...
Estou apaixonada.
Enquanto espero, ouço músicas italianas enviadas por ele e beijo sua fotografia
a olhar para mim, com seus olhos quentes.
Do amanhecer ao anoitecer, Mimmo aquece a vida,
que de tão vazia é preenchida pelo amor.
E espero e espero e espero...

sábado, 29 de maio de 2010

Meu amor

Meu amor é especial...
Tem as mãos grandes e delicadas e um jeito todo faceiro
de passar as mãos no rosto!
É um amor que conquistei na maturidade:
Ele e eu queremos passear pela praia, rindo de qualquer coisa,
falando doçuras que não são em vão.
Banho de cachoeira será nossa diversão e caminhando pelas águas límpidas
rolaremos sob a água fria e transparente dos riachos que permeiam Três Marias.
O fogão a lenha será nosso momento do slow food, assim como aquecemos nossos corpos para o amor.
Amor maduro, presente dos deuses para um casal que viveu só e se encontrou nas
asas da borboleta!
Bendita és tu, maturidade, que permite o voo em direção à primavera.
Bendito és tu,amor que pisa devagarinho sobre as folhas de ipê...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sangrando

O corpo sangra.
Falar do coração é pouco para uma alma que se esfacela em mil fragmentos.
A mente humana é pequena demais diante dos olhos do corpo.
Corpo que se dá por inteiro e recebe em troca a fadiga de uma alma pequena.
Não sou grande. Mas não sou vil.
Sou pequena como uma flor do campo a exalar perfume pelo ar,
Ar infecto de sujidades que não percebem o cheiro da flor.
Sujidade que dá licença à pureza da alma que se esfacela na profundidade.
É na profundidade que a alma se faz verdadeira.
Voo razante são para as moscas em busca de dejetos.
Dejetos que já se foram da alma que aspira o calor da lua cheia.

sábado, 22 de maio de 2010

Jovane

Não um amigo virtual.
Um amigo quando se corta as veias e une o sangue numa magia secreta...
Coruja a ver noite e com seus olhos abertos, observar os ipês que florirão na madrugada!
Coruja que molha os pés no rio e dá risadas junto à sua amiga, que, de carne e osso,
nasceu fora do tempo...
Tempo de margaridas, rio caudaloso, ipês amarelos, eis o seu tempo!
Como o amigo, que corujamente abre os olhos para a maturidade.
E vê sua sombra a destrinchar poesias, palavras que são suas na escuridão da noite!
Palavras que são suas a deslizar pelo rio e recitar poesias,
ao lado da amiga que nasceu no tempo errado!
Amigo, somos dois patetas a desfrutarem do que é bom,
sem nos preocuparmos com o tempo...
Duas crianças a gargalhar com a coceirinha de um bicho de pé...
Crianças felizes dando banana para o mundo.
Mundo que não somos rima nem solução...
Mundo que engole as almas puras e estraçalham sonhos a serem vividos.
Crianças espertas que se escapam da maldade alheia!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perfidia

Amo por inteiro o abstrato, o vazio
Que se veste, tem olhar faceiro, poucas palavras:
Uma enguia na escuridão da noite.
Espero por ele e me debruço em solidão.
Lágrimas não! Os olhos já não sabem o que é isso...
A solidão também é doce, pois aprendi a ser só.
Tudo que me rodeia é o que me interessa:
Flores, pássaros, música, notas musicais desenhadas na pele!
A clave de sol ilumina a casa, a vida, o rebuliço causado pela traição.
Perfídia...
palavra bonita que faz lembrar olhos verdes,
esverdeados pelo verde das árvores,
árvores que se perdem pela força humana.
Perfídia que não passa de uma palavra bonita no dicionário do Aurélio
E uma ferida na alma da mulher...

Perfídia

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Enquanto aguardo...

Hoje é quarta feira, dia sagrado...
São nas quartas que o coração fica brando,
as emoções afloradas e o desejo de amar invade o corpo da mulher.
As palavras fluem, o sentimento saltita cor em cor,
e o peito busca o amado; amado que se escapa do amor.
A brandura do coração se transforma em agonia,
aflição de quem espera palavras, sutilezas ditas ao pé do ouvido,
risos molhados de cerveja, vinda que não acontece...
Enquanto isso espero agosto chegar com os ipês a florirem minha alma,
meu coração de esperança, meus pés coloridos de amarelo!
Amo o possível. O coração me diz.
E vivo aguardando a vida que traz luminosidade ao meu ser.
Ser que se transforma em flores enquanto espera.
Esperança travestida de amor, enigma da quarta-feira.

sábado, 15 de maio de 2010

Fraqueza

Hoje fraquejei.
Não dei conta de caminhar entre loucos...
Preferi a rotina doce de arrumar a casa, encher de flores o ambiente, sorrir de boba, pois tenho este direito!
Fazer o almoço, comida mais que mineira, cerveja gelada, mesa posta para mim...
Direito de escolha é o meu caminho.
Se fraca, ou não, sou humana.
Sei onde a dor aponta o direito de não sorrir.
A opção hoje é pelo sorriso. A lágrima já secou o peito doído da mulher!
A mulher, inteira ou em frangalhos, ouve música e deixa a cerveja deslizar gelada pela sua vida.
A loucura passa. A felicidade passa.
E eu me amo.
Amo tanto como aos girassóis que enfeitam a casa.
E amarelo é o colorido da vida
Ceveja e girassóis compõem o cenário da vida a viver.
E o canário responde sim com seu trinado.
Por hoje, só por hoje sou feliz.
Só por hoje. Amanhã...
Ora, amanhã!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Catarse

Viajo dentro de mim em busca de núcleos de vida.
Degladio com o pai: ora santo, ora humano, ora demônio.
Esse pai faz parte da vida profissional da mulher.
Seu trabalho que marcou uma era,revira as entranhas quietas,
de uma pessoa que quer paz.
Esta busca do velho farmacêutico é uma catarse,
que faz tonto o coração: o intelecto se rebela,
o coração se desmancha, a vida se desfaz em porquês.
A infância brinca de rodas na cabeça da mulher que se nega
a qualquer crítica a uma vida que foi real.
No entanto, portanto, continuo o mergulho
que esfacela os sonhos possíveis.
Não tive um santo.Não tive um amante. Tive um pai que encantou as pessoas com seu lema:
Viverei hoje como se fora o último dia da minha vida!
E a mulher se retorce em dores sentidas por quem tem a alma doce...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Caminhada

Caminho descuidada pela vida.
Clamo a N. Senhora de Fátima por um apoio seguro,
mas Ela está ocupada com a miséria do mundo.
A segurança dos meus passos é acompanhada pela música.
Som que anestesia a alma e traz no peito o sentimento de plenitude.
Plenitude que viaja pelos poros, trazendo a lucidez do prazer completo.
Completude absoluta que permite ao ser a unicidade da alma
Alma que se explode em luzes,
e carícias do som maior.
Maioridade que dá a seus passos a sabedoria de viver em paz.
Chocalho de sons a eternizarem o prazer absoluto.

sábado, 8 de maio de 2010

Reverência

Reverencio ao amor que chegou de mansinho...
Não pediu licença e foi se instalando de leve, no coração, na alma, nas entranhas.
Sentimento audaz, atrevido, que apossa-se do ventre, do ser por inteiro!
Amoramado,escapole palavras de afeto entrelinhas do viver.
Amorafeto, amora a lambuzar de carícias com o sabor vermelho, da cor do batom...
Amorcoragem de viver o novo, sem o toque, sem carícias explícitas, mas carícias tocadas pela alma.
Almas a confabularem segredos destoantes da realidade.
Almas a se beijarem como o sopro, como o esvoaçar das asas do beija-flor.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Audácia

Hoje me revirei de ponta a cabeça.
Abri de leve o coração para um amor amortizado pela distância.
Expus o peito de forma bonita,me lambuzei de mel ao adocicar as palavras
com cuidado para que o sonho não se perdesse.
Sussurrei devagarinho palavras doces.
Desnudei-me de vez para ser entendida, já que os olhos não estavam perto para serem o meu espelho.
Fui feliz.
As palavras abstratas foram captadas com sutileza pela alma levada do menino que não cresce...
A doçura, como uma enguia, escapulia das palavras diretas que gritavam o amor que lhe mostro por inteira,sem pudor, sem receio...
Conheço seus olhos tristes,ah, olhos tristes que um dia se espelharão no meu sorriso!
Olhos tristes, sorriso faceiro que não muda com o passar dos anos.
Meu amor existe, por isso eu canto.
E solfejo no violino notas musicais que refletem meu coração.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sarau

Fala-se em um sarau de poesia.
A alma arrepia-se toda com a possibilidade de estar presente.
Viajo na crônica "Felicidade Clandestina" e gostaria participar para socializar tamanha beleza.
Tertúlia regada a vinho,amigos, slow food e poesias a encherem de luz o coração!
Felicidade roubada nos pequenos momentos de alegria que preenchem a vida.
A casa continua vazia, assim como vazio é o coração.
A futilidade não ajuda em nada;
às vezes a cerveja promove uma viagem no sonho, na fantasia do ser feliz.
Mas o computador chama à realidade. Parafraseando Clarice, é uma mulher com seu amante.
Amante que responde em poucas palavras o desejo de ser mulher,
mulher tonta de desejo, felicidade fugidia promovida de se encontrar com o amado
e misturarem bocas a sussurrarem desejos escondidos.
Escondidos de si mesmo, segredos do coração entontecido de saudades, saudades do que nunca foi visto, tocado, acariciado...
Saudades do amor que não tive.
E o sarau ilumina a vida que se degladia em duas...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Acordo pela manhã em busca do amor
O bocejar é o reflexo desta procura,
Amor de longe, mas que faz da minha alma um pássaro multicolorido...
Prenche o vazio da noite quando os sonhos não foram bons.
Traduz em alegria a espera do cotidiano, da rotina enfadonha do dia que amanhece.
Ainda bem que existe a aurora, esta luz irradiante que sufoca todos os desencantos.
O amor está chegando.
Cada dia fica mais próximo o momento de trazê-lo no colo e secar as lágrimas que escorreram por um longo período.
E o amor, esta coisa linda, mata os leões que me arranham,
palavras ferinas,deboches irônicos, cumprimentos que são rugidos a tornarem os dias mais difíceis.
O amor está chegando...
E eu assobio uma canção doce que soa do violino de Paganinni.
A vida torna-se bela e o bocejar continua sua doce espera,
Espera que faz da vida um eterno amanhecer!

sábado, 1 de maio de 2010

Poetisar...

Ando em busca de algo que preencha a alma.
Um amor, talvez, uma poesia, quem sabe, uma tocata de violino, porque não!
O coração bate descompassado, mas a alegria bate à porta, assim como os raios do sol...
A tristeza é passageira, basta mudar a sintonia da alma.
Alma linda, florida, fagueira, que insiste em se fazer presente!
Alma que brinca com a dor e se esconde num mundo de faz de conta...
Faz de conta que engana e transforma o vazio em férias!
Isto! Estou em férias.
E atuo no vazio da solidão.
Atuo no vazio da vida que balança a cortina,
enchendo a casa de luz!

Madeleines...

Tenho a alma ferida como só...
A respiração está curta e a angústia abriga o peito.
Sem saída, eis a questão: de um lado, a dor da solidão, por outro lado,
a impotência diante das surpresas da vida.
Nunca se espera a dor do outro que atinge seu ser,
Como se não bastasse a saudade do amor que se foi.
Amado amante que se derramava em sorrisos altivos,
dentes alvos a soletrarem o sentimento alvoroçado da casa,
que desenhava em suas paredes a alegria do viver a dois.
Lua cheia como hoje, colchão na varanda,
amor desatinado sob estrelas, amor enlouquecido sobre a luz do vagalume.
Saudade do amor esparramado em notas musicais pelos sabores exalados da cozinha.
Reminiscências vazias em forma de fada nas costas da mulher.
Lembranças tatuadas em clave de sol e nota musical no pulso que manuseia o arco do violino;
notas musicais que choram o amor que se acabou.

Vanessa da Mata - As Rosas Não Falam

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Hoje não quero falar da dor que irrompe meus dias.
Quero falar do vinho e do sabor da uva na boca,
assim como o gosto do amor.
Amor que clareia a alma e se faz presente o tempo todo.
Amor que se faz constante quando você cozinha e transforma o essencial
em algo aprazível aos olhos e ao paladar.
A dor, ora, a dor passa assim como passam os bando de maritaca pela sua vida.
A dor, ora a dor, é finita como o breu das nuvens.
A dor é passageira, é um vento leve que se faz presente e logo vai embora.
O vinho deixa na boca um sabor de uva pisada durante o canto da colheita da uva.
A uva se desmancha em prazer pelo fogo do fogão que transforma em gozo a arte de ser feliz...

sábado, 24 de abril de 2010

Enquanto espero

O amor é bálsamo que alivia as feridas do coração
É sentimento inexplicável que conduz a um desejo de viver,
viver o macio das ondas a banharem pés e molhar o rosto misturado em lágrimas.
Andar entre nuvens, viajar pelas montanhas, nadar em cachoeiras, esperar pela lua, essa menina insubordinada que escapole das nuvens que a escondem e se coloca linda no céu!
O amor provoca vertigens, busca lábios entontecidos de prazer,
E se faz presente na vida solitária de hoje...
Teclas do computador trazem a resposta: estou aqui, mulher!
E a mulher se torna corajosa no gingado florido da paixão.
A mulher sabe esperar: Carpe diem!
De minuto em minuto aguarda a maciez das palavras que a fazem viver.
E o coração ferido, se escama em luzes, atropelando a vida que se faz vida...
Júlia Carolina da Cunha. 24/04/10

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Loucos

Corredores putrefatos, pessoas jogadas,
nenhuma diferença para um campo de concentração.
Ando perdida, sentindo-me princesa na imundície:
imundície de sentimentos, de aparência física, de vida!
Pessoas andam buscando pelo vazio, olhares lunáticos como se a lua fosse
algo inatingível.
Sinto medo! O ser humano não merece passar por isso!
Abraço e beijo o meu lunático e mentiria se dissesse que não saí aliviada!
Covarde!
A pessoa que luta pela doença mental encontra-se enjaulada, presa, perdida,
mendigando ginba de cigarro a quem possa oferecer.
Volto pra casa enojada de mim mesma.
Não mereço amor, se fujo da caridade.
Não mereço amor se fujo do meu irmão.
Não mereço amor se fujo de mim mesma!

Loucos

Andei entre loucos, loucos perdidos na solidão
e na perda da sensatez.
Nenhum parecia triste, todos sorriam e deliravam sob o impossível.
Divagavam sobre coisas e sentimentos perdidos ou achados em sua lucidez.
Afinal, que é ser louco?
É perder a razão ditada pelos homens ditos normais?
Entre o movimento da loucura, sai um rabecão.
Algum deles cansou-se da busca diária da normalidade e decidiu voar.
E voou.
O céu estava azul e o sol refletia a indiferença dos companheiros.
Da próxima vez serei eu, pensava um deles.
E eu saí dali acobertada pelo anjo da guarda que secou minhas lágrimas.
Eu fui meu anjo. As mãos acariciaram o rosto para clarear a visão do céu.
O céu é azul e o sol se faz presente até o brilho da lua crescente.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Lobo do homem

Mato um leão por dia.
Alguns são criados por mim, outros não.
Outros são frutos diários da convivência humana,
na triste verdade: homem lobo do homem.
Mas minha alma é leve como pluma.
Não engulo mais sapos e os leões, criados por mim ou reais são pisoteados
com a delicadeza das palavras.
Pra isso serve o divã do guru que acompanha meus passos, um a um.
Nossa conversa semanal ativa neurônios e deixa lúcida a mente louca
da mulher que ama.
Ama com os pés no chão e, de longe acaricia a juba de leões espertos.
Mas agora piso na medida dos limites: nada me fere.
Exorcizo os demônios que se fazem presentes no clarear do dia.
A noite, tenho meu amor. Amor que se faz sonho na claridade da lua
ou da luz das estrelas.
Amanhã é outro dia...

Madrugada

A madrugada ilumina o céu num clarão estonteante.
O sono não existe e os sonhos há tempo já se foram.
O silêncio da casa acalma o coração iridescente com a luz que vem de fora.
Slow food! É isto: vou preparar o alimento do físico que acompanhará o desgastar
macio do intelecto.
O café coado exala seu cheiro pela casa, permitindo que o desejo salive de vontade de beber do seu mistério.
A madrugada tem seus segredos e estrelas ainda ajudam a iluminar o céu nesse parto de luz.
O canário belga arregala seus olhinhos, sem entender movimentos fora da rotina.
O mundo ainda vale a pena.
Basta esperar pelo seu canto que virá com o azul do céu.
Júlia Carolina. 20/04/2010

sábado, 17 de abril de 2010

Insensatez

Ouço Chico na voz de Oswaldo Montenegro,
a roda gira , os sentimentos dançam em sua voz.
Ainda bem que existem poetas. Poetas que respiram o vazio que soa alto,
depende de você.
Você é que tem sentimento pra entender os versos ditados pela dor.
Eu sinto o vazio deixado pela insensatez de amar.
Amar o que foi dito, o que foi sentido. Mentira!
O amor fere a pele, desfola as camadas do coração, se faz gente.
O amor se faz doer.
O amor é cabelo macio de se acariciar, punhalada ferida.
O amor é isto . Ou aquilo.

Amor possível

O coração está feliz.
Bate diferente porque o amor chega de mansinho.
Todo corpo estremece num movimento gratuito de prazer.
Chamas de velas iluminam o cenário de corpos deleitando-se em arrepios.
Pés se entrelaçam enquanto bocas murmuram palavras de desejos e
entontencida de alegria rimos rios de alegria, porque a espera foi longa.
Meu amor é tímido como eu:juntos falamos ao mesmo tempo,sobre temas, aproveitando o tempo
que supostamente vivemos.
Somos felizes: os olhos se cruzam e o corpo exala perfumes de prazer.
Tudo é possível quando se acredita no amor.
Até sonhar, porque o desejo que se sonha enche de possibilidades o viver
de quem acredita no amor.
E o amor existe. É só desejar.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Viajo pelas profundezas do ser.
Faço uma limpeza a cada dia, a cada momento.
Tudo é limpo pela viagem ao interior em busca da cura das feridas.
Diz o guru que colocarei no lugar a mim...
EU... como assim?
O vazio continua num ambiente arejado e florido.
Perfume de bromélias encharcadas pelas águas da chuva lenta.
Penso : como cuidar da alma, corpo,coração?
A viagem continua: a música entra em mim,tentando preencher o vazio.
Mas é pouco.
Definitivamente o vazio é extenso e a espiritualidade é vã.
O canário canta redescobrindo a vida.
E eu assobio em busca da luz!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Amor em mim

Agir além das forças é suicidio.
Ajo de acordo com meu poder de sedução.
Trago em meu peito a síndrome do limite
que reduz a velocidade do pensamento e
retarda ações inconsequentes.
Vejo o céu estrelado sobre minha cabeça:
penso em mim. Só em mim.
Quero estar pronta para o meu amor que chega de mansinho.
A estupidez avara da religião que me perdoe:
Ser maninha é outra coisa.
É respeitar o limite do outro e não colocar a cabeça a premio.
Ajeito meu corpo no macio do edredon, rezo rezadinho e durmo o sono dos anjos.
Me amo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Não quero ser rodeada pelo medo.
O mundo gira, momentos bons entranham na vida
e a razão fala mais alto, apesar da poesia.
A luta corre em busca de versos condizentes com o prazer.
Ele é tão simples: baseia-se na ternura de um olhar, no sim
de alguém que entende momentos, de ritos de passagem "as vezes de perda".
Mas o amor e o canto trazem pra perto soluções que você achava impossíveis.
Impossível é não crer no sim, na verdade divina que rodeia o coração.
Coração que cavalga na sensatez da vida, apesar da persistência da poesia.
A poesia diz sim à razão.
E a razão torna-se doce com a chegada do amor.
Amor passageiro, amor diluido na sensatez do toque coberto da meninice
do afeto quase infantil.
E viva o amor que traz a razão...
Razão esta que não embobece o coração.
Deixa-o viver, entre sorrisos e sono entontecido da razão!
Razão...

domingo, 11 de abril de 2010

Chamas

Hoje o coração ardeu em chamas:
Olhar em volta ou fugir em busca do sonho.
Em volta, leões rugem.
Na imaginação a casa é cheia de flores e amigos.
Vinho seco acompanha o peixe feito com maestria.
Mas o rugido é feroz e olhos arregalados apavoram a menina.
Menina que insiste em não crescer.
O mundo da lua é seu faz de conta e a luz etérea abraça a vida,
Vida encantada, rodeada de argumentos doces,
faz de conta que assusta a concretude:
Esta menina não tem jeito: Vive no mundo da lua,
entre bromélias, hortências e o canto mavioso do canário belga.
Acorda menina! Acorda, mulher!
O leão é domável e para a escuridão, existe a lamparina...
Lamparina que faz dançar a sua luz ao som do violino!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Madrugada

Meu leão dorme.
Aquietou-se com afagos medicamentosos
e confidências proferidas no divã.
Dores, feridas abertas se fecharam diante de palavras sábias do guru.
Mas vários leões existem pelo mundo vadio da dor.
Pessoas sofrem com seu rugido e unhadas ferozes.
E a calma que acariciava a vida transforma-se:
Medo, solidão brotam do fundo da noite.
Madrugada chega sem que o sono brote da alma.
E esta alma fagueira transforma-se em breu.
Breu sem estrelas e um vento frio a soprar a dor.
Solitude? Não. Solidão.
Júlia Carolina. 08/04/10

terça-feira, 6 de abril de 2010

Bem te vi

De vez em quando brinco de esconde esconde...
Esconde sentimentos, esconde alma que
de transparente fica obscura.
Mas o coração serelepe brinca de pula pula com a juventude que me falta:
Falta não: os anos dizem que sim, mas o coração palpita e canta como um bem te vi:
Bem te vi dourado que se banha nas águas mornas da piscina e repousa nos galhos da mangueira.
Bem te vi serelepe, acolhe o bem querer e desfolha o bem me quer...
Bem te vi danado que transborda de alegria um coração magoado,
ferido pela insensatez do mundo.

terça-feira, 30 de março de 2010

Ciganear

Ciganear é rodar a saia
E usar a boca bem vermelha.
Boca vermelha de paixão pela vida,
paixão pelos sentimentos que brotam
e rejuvenescem a alma.
Ciganear é viajar pela memória e trazer a tona
reminiscências de um passado distante.
Passadiço para os dias de hoje que são meus;
dias coloridos e debochados à luz da lua.
Gargalhadas ciganas em torno de uma alma,
que, de outro mundo beija a boca da noite.
E a lua, mais que brilhante alumia a cigana
ciganeando em torno da vida,
agradecendo a sorte que a fez mulher.
Sonoridade gratuita e feliz de ser mulher,
Mulher de lábios vermelhos
E cabeça de menina.
Menina que rodopia a saia e beija amores
com sua boca estonteante de prazer!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Os pensamentos enovelam a cabeça,
deixam neurônios truncados
e sentimentos confusos.
Não acredito que nasci pra ser sozinha:
sonho com um campo de margaridas
e despetalo o mal me quer...
meu bem querer existe.
Suas mãos afagam o cabelo
e me chama:- Vem ,princesa!
Corro feliz entre flores,
pois de esperta não tenho nada!
Sou mulher clariciana: ama e vive.
"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento".
Enquanto vivo, suspiro a dor da solidão
Aguardo o amor que despirá minha alma
E deixará o corpo nu de paixão...
Pernas entrelaçadas, pés dados, terão os dedos sorridentes!
Não disse que caminho num campo de margaridas?

sábado, 27 de março de 2010

Não conheço a cor dos olhos do amor.
Siquer conheço o som da sua voz.
Mas conheço o tamanho do coração
que se destrincha em medos, desejos e ternura.
Ternura que me faz desejar estar com o amor
E deixar transparecer o coração apaixonado.
O meu amor é carente como eu.
E o meu amor tem o coração apaixonado pela vida.
Vida que se desfaz em mistérios,
mistérios se vestem de luz
e se abraçam pelas teclas do computador

quinta-feira, 25 de março de 2010

Devaneio

Ser feliz é ser desconvexo
É olhar pra si e se bastar.
O côncavo é devaneio.
Ser feliz é ser boa companhia pra você.
É olhar para o céu e ver estrelas, mesmo que o sol insista em brilhar
e sentir a chuva quando ela cai devagarinho, junto com as lágrimas que escorrem em seu rosto.
E assim você devaneia sobre o que é possível e o incalculável.
E o mundo gira em torno da sua fada,
das flores que marcam sua pele
do amor que se foi e das lágrimas que insistem
em sulcar o rosto como tatuagem.

Análise

Hoje fiquei muda.
E o psicanalista também.
O coração não estava disposto a dizer sobre sentimentos impossíveis
e passíveis de exorcismos.
Daimon e eu fizemos um acordo: silêncio!
Nem uma palavra.
Mas a cabeça ferve em possíveis e passíveis poréns.
Porém, entretanto, todavia, amar é possível
E os demônios continuam alojados numa das gavetas do ser.
Serrrrrrpente, a mente retorce em movimentos exóticos e eróticos.
Erótica é a vida que desejo.
Silêncio: a cabeça faz barulhos.
Exorcismos não. Deixem quietos os demônios que me habitam.

terça-feira, 23 de março de 2010

Tatuagem

Ando a procura de sinais.
Sinais definitivos que marquem a vida,
Assim como marcas a ferro quente: tatuagem.
Uma fada já voa em minhas costas.
Agora flores floreiam o braço direito:
flores alveando a vida,
Alvéolas de luz a marcar o corpo com a crença de ser feliz.
Alvéolas sulcadas na pele a gritar pelo alvo da manhã.
Manhã salpicada de estrelas porque ainda é madrugada
e o sonho é meu.

domingo, 14 de março de 2010

Melancolia

Com uma lupa procuro a alegria.
Risos, sorrisos, gargalhadas risonhas deixaram-me há tempos.
Cadê você,rota ensolarada na vida de hoje?
Cadê você, música dissonante e iluminada?
Cadê você, vida vivida, vívida, vivaz e viva?
A lupa obscurece o olhar: esconde a gota dágua na janela,
E transforma o raio de sol em labaredas.
Vida, vida, estou aqui...

sábado, 6 de março de 2010

Espelho meu

Ando pela vida ora distraída, ora assustada.
Quando distraída, vejo flores, árvores, ouço o canto dos pássaros apesar do burburinho da cidade grande.
De repente, assustada: as pessoas parecem observar meus passos, meu corpo, meu útero.
Tento correr. Não consigo.Os passos são trôpegos e o pensamento mergulha em trevas.
Lágrimas descem sem pedir licença.
O que mais desejo é a minha casa, casca de mim mesma.
Desejo a vida, ao mesmo tempo, afasto-a com grosseria.
Quero dormir o sono eterno.
Eternamente.
Enquanto isto, a chuva cai seguindo o titmo normal da natureza.
Enxugo as lágrimas, abro os olhos e vejo a rua de banho tomado.
Canto.O ninho acolhe a dor.
Mãos invisíveis acariciam meu cabelo.
Durmo. Os remédios são mais poderosos que meu desejo.
O leão se aquieta.
Por enquanto.
Júlia Carolina da Cunha. 22/11/05

Família

Um encontro de luz para uns,
Um cambalear estonteante para outros.

eis a vida,
ciranda,cirandinha a rodar
ena meia volta,
viravolteam pessoas estranhas lado a lado,
num ninho chamado família.

Em princípio, dois caciques ao som do atabaque
batucam sons de uma cartilha de uma nota só,
perfilando almas no quartel planejado
para enquadrar crianças bonitinhas:

"Marcha soldado,
cabeça de papel,
se não marchar direito, vai preso no quartel"...

O quartel pega fogo.

Almas perfiladas debandam cada um para seu lado.
E o quartel quadradinho vê escapar pelos quatro lados,
almas opostas.

Salve-se quem puder!
De boas intenções o inferno está cheio!

Soldadinhos bonzinhos ou bobinhos?
Ficam mais tempo,
como baratas tontas,
a cabeça zumbindo com a zoeira do sonho,
zuzunando esperanças zonzas
a catarem estilhaços de luz espalhados pelo redemoinho turbulento das ilusões

Vazio na alma solitária dos soldadinhos adestrados
pelo atabaque dos caciques.
O mundo não é quadrado como uma quartel,
nem as almas moldadas em forma de madeleines.

Mundo, vasto mundo,
Booolaaa...

Mundo redondo, sem quinas, esquinas, contramão, mundo infinito sob um manto azul, rosa, ouro, violeta, verde, vermelho, branco,
matizes como pinceladas de Monet.

Desencontros.
Almas penadas,
cada uma pra seu lado.
E para mim,,
liberdade ainda que de tardinha.

E de tardinha,
volta e meia, caminho distraída pelos jardins do mundo que é meu.
Sou livre.

Júlia Carolina da Cunha. Março2010

Desdobramento

Sou uma mulher de vermelho.
Vermelho que disfarça a escuridão da alma que insiste em se esconder em seu labirinto misterioso.
Piso devagarzinho nos mistérios que atordoam e fazem cambalear na noite escura.
Crio coragem. As palavras sábias de um amigo dão um sinal que é preciso caminhar pelo desconhecido coração.
Abro suas portas. As escoras evitam que passos trôpegos prossigam pelo caminho misterioso.
Vou devagar. O vermelho ilumina a lama dos compartimentos cheios de lodo, definindo onde posso pisar sem me ferir.
Desdobro em duas: uma de mim passeia por lugares floridos, iluminados, cheios de amor, alegria e sorrisos. Saltito, bato palmas e sinto feliz. Percorro os mistérios da vida que encantam o viver: são sorrisos, beijos molhados, música, sons de violino, travessuras de criança, que hoje adulta, continuam a dar alegrias.
As janelas estão abertas e a luz descortina um caminho novo:"toco novas canções no mesmo violão".
Preciso pisar na lama e sentir o cheiro de lodo do lado escuro.
Outra de mim tem essa missão. Não é fácil.É como um disco quebrado arranhando o vinil e sangrando o peito que explode de dor. O bolor entope as narinas, fere as mãos: a alma embolorada quer dar as cartas.
Entro em cada compartimento, abro as janelas. O peito arfanteaflito pede socorro. Não é possível tanto breu.
A luz teima em entrar devagarinho.O bolor se desmancha diante da luz.
O vermelho se respinga de podridão. E a luz dos poetas transformam em pétalas de chuva o conhecido coração.
O arco íris ilumina as artérias fazendo pulsar o sangue das veias. Por elas passam o amor. O lado escuro não resiste à luz, ao brilho de vagalumes que desmancham remédios com o mistério de sua sabedoria. Sua luz é mais forte que o neón. Sua luz translúcida pisca e repisca enchendo de amor a vida da vida. Num passe de mágica volto a ser única. Desdobrável, mas inteira.
Júlia Carolina da Cunha. Março/2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Meu nome é Júlia. E o seu?

Descubro quem sou.
Deitada no divã, a alma se desnuda sem pudor diante de mim.
A cada hora mostra uma faceta que eu jurava conhecer:
suas curvas, retas, em sua maioria curvas sinuosas e lindas.
A alma é colorida: cores se revolvem num movimento lúdico, ora feliz, ora triste.
A dança é sensual: descobrir-me permite orgasmos múltiplos redesenhados entre risos e sorrisos faceiros.
Sou alma ambulante perdendo o medo de ser feliz.
O balet é sinuoso e as curvas são feitas com doçura de acordo com a música de Mozart.
Meu nome é Júlia.
E o seu?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Casinha

Nas aulas de português do Colégio Pio XII
a professora mandava fazer redações.
Para mim , escrever redações era a mesma coisa que soltar as asas da imaginação
e falar dos flamboyants floridos na primavera e
não existissem flores.

As flores sempre existiram em minnhalma,
mesmo quando só eu as vejo.

E a casinha é feita de flores
de todas as cores.

E a imaginação vagueia
entre flabomyants floridos na primavera

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Festa de batizado

O coração bate descompassadamente.
Massas e maçãs escorrem pela boca
num movimneto de prazer.
Vinho enrubesce as bochechas, não sei se de gozo ou timidez...
Música suave, sons de sax e do violino que insiste em se mostrar.
Olhares se cruzam num movimento de busca de um passado distante,
mas que insiste em se fazer presente.
A persiana bate pela janela e a lua se faz minguante.
O teatro acabou. Fecham-se as cortinas.
Fim do primeiro ato!

Sonho de criança

O coração bate descompassadamente.
Massas e maçãs rodeiam o paladar dando água na boca...
Música suave, vinho colorindo as bochechas,
não sei se de prazer ou timidez.
Sons de sax, notas dissonantes do violino que insistem em se mostrar.
Olhares se cruzam como a buscar um passado que ficou distante.
A persiana bate na janela mostrando que a lua é minguante.
Acorda, menina. O teatro acabou. Fecham-se as cortinas.
Fim do primeiro ato.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Amar amando

Meu casulo é tecido em sedas coloridas.
Seu emaranhado acolhe dores e alegrias,
livros, música, chocolate e a espera caliente do amor.
Amor, doçura pra quem já viveu surpresas e adeus.
Adeus, porta aberta para sentimentos trazidos pelo beija-flor...
Beija flor que traduz em seu vôo a delicadeza do ar, o perfume da flor,
o calor do beijo molhado, a ternura de mãos entrelaçadas, "defeitinhos"
resolvidos num revolver de pernas e risadas escandalosas de prazer.
E o casulo se transforma em borboleta...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Reencontro

Brinco de viver enquanto a vida urge...
Pretextos são criados, inventariados, vividos em solidão.
Leio. Clarice clarear, clareando, obscurecendo, apaixonando os desejos da mulher.
O amor insiste em provocar sonhos adormecidos, dormentes, prontos a explodirem em cores do arco íris.
Adormeço e a criança acorda querendo brincar.
Quieta, menina...

Reminiscências

quando eu era pequena, tudo girava calmo na magia do tempo.

O tempo passava lento entre os vales ou era o mundo mais lerdo,
com seus valores massacrantes dissimulados como na historinha do "lobo mau".
O que se ouvia era o murmúrio do rio,
o olhar atento à paciência do pescador,
a agilidade de mãos que cortavam fininho a couve, a bananinha frita, misturada com feijão batido e farinha de moinho dágua,
a paciência ao se fazer a "tampa na laranja como a boquinha da vovó",
o contar das pedras na calçada,
o pular distraído da amarelinha,
o caderno de perguntas indiscretas,
banho de ribeirão,
calcinha furada ao escorregar perambeira abaixo,
reza no cruzeiro pra chamar chuva,
sol e chuva, casamento da viuva,
garupa de moto, cana caiana,
casa com alpendre em formato de meia lua,
Brasília do Capitão do Mato,
banho de bica,
cavalgada no carneiro morro abaixo,
cara de tacho arranhada pelo arame farpado,
criança feliz entre vales,
validade permanente para a travessia pela vida.

Para a Cidade de Ferros, um dos meus pousos. (2003)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Reflexo

Amanhece.
A cor cinzenta reflete a escuridão da alma.
A dor estranha insiste em ferir a sede de viver.
Não vou permitir.
A vida jorra como a nascente do rio e males alheios turvam a solitude da mulher.
Quero viver.
Viver o azul do céu mesmo que este não esteja presente.
O descortinar do azul é momento
de explosão silenciosa.
O azul vem devagarinho, assim como desaparece a ferida que sangra.
Vermelho é a cor do amanhecer. É só enxergar o reflexo da alma que explode
em cristais coloridos.
Insisto em viver.

Amanhecer

Acordo.

O amanhecer reflete a cor cinzenta da minha alma,

alma teimosa em seguir rumos alheios ao meu querer.

Enquanto isso escrevo mazelas que insistem em abortar meus sonhos de mulher:

Viver.

Vejo de novo e novamente persistem dor e solidão.

Mas a vida alheia não vai sangrar a vida que brota como a nascente do rio.

Quero paz!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Vida

Vida

Palavra misteriosa ,
carrega os temores e sabores
desconcertantes do respirar...
Hoje um sorriso, ontem uma lágrima, amanhã...
Amanhã que será?
Se vivo, quero risos e choros,
gargalhadas exageradas de gozo do bem viver.
Se vivo, quero a presença aromatizada do mistério,
Mistério que me leva a caminhar distraída pelo mundo.

Faz de conta

Faz de conta que hoje o sol brilha e caminho pela areia.
O mar preguiçoso vai e vem num movimento erótico
a encher de prazer a alma descuidada.
Faz de conta que o vento desenha na areia figuras oníricas,
parte do meu coração atento ao amor.
O amor não vem. As ondas brincam de faz de conta enquanto espero...

Solidão

Aprendo a viver só,
somente solitude.
Alma desvairada a viver virtualmente o que a vida me nega...
A solitude brinca entre meus discos, livros e o canto do belga,
que acaricia o coração.
Enquanto isso,
resisto...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Turbulência

Dentro de mim mora um leão.
Não é um leão do zodíaco.
É um leão gerado pelo tempo e seu rugido é feroz.
Feroz como o balançar da escuna quando sai do alto mar em direção à praia morena.
Acorda quando menos se espera.
Sacode a juba espalhando o medo por onde anda.
Já consigo tocar sua juba arrepiada.
Ele não resiste à beleza da orquídea, do gorjear dos pássaros, da voz grave de Maria Bethânia.
O que é melhor?
O rugido do leão a colorir mandalas ou o vazio da vida tola que me é imposta?
quero os dois: tatear no escuro e acariciar a juba do leão.
Isto.
O gangorrar da vida me é permitido.
Não quero a mesquinhez. É para ela
que meu leão mostra as suas garras.