sábado, 22 de maio de 2010

Jovane

Não um amigo virtual.
Um amigo quando se corta as veias e une o sangue numa magia secreta...
Coruja a ver noite e com seus olhos abertos, observar os ipês que florirão na madrugada!
Coruja que molha os pés no rio e dá risadas junto à sua amiga, que, de carne e osso,
nasceu fora do tempo...
Tempo de margaridas, rio caudaloso, ipês amarelos, eis o seu tempo!
Como o amigo, que corujamente abre os olhos para a maturidade.
E vê sua sombra a destrinchar poesias, palavras que são suas na escuridão da noite!
Palavras que são suas a deslizar pelo rio e recitar poesias,
ao lado da amiga que nasceu no tempo errado!
Amigo, somos dois patetas a desfrutarem do que é bom,
sem nos preocuparmos com o tempo...
Duas crianças a gargalhar com a coceirinha de um bicho de pé...
Crianças felizes dando banana para o mundo.
Mundo que não somos rima nem solução...
Mundo que engole as almas puras e estraçalham sonhos a serem vividos.
Crianças espertas que se escapam da maldade alheia!

Um comentário:

  1. Vc não sabe o quanto me realizo lendo suas coisas... não só por ess texto, tão lindamente poético, falar de nós, mas porque em tudo o que vc escreve há uma beleza imensurável que me faz perder e esquecer o tempo... volto tres vezes em cada palavra, quase inconformado, pra ver se é aquilo mesmo, pra ver se volto a sentir a mesma sensação da leitura de antes, pra ver se não estou enganado... é como se eu sentisse a mais vivaz e mais viciante das cócegas, aquela que me faz sentir dó de minha estranha alegria, que mais se parece com tudo o que não sei dizer ao certo... qualquer coisa... quem sabe, uma coruja sentada em madeira velha que apodreceu sozinha, a repetir os caminhos mais certos do mundo... Solidão! À sombra dos ipês que um dia hão de ser morada de aves estranhas, nos fazemos companhia em tempos errados, é então que descubro: já nem sou mais tão só!
    Obrigado pela poesia,
    pela companhia
    pela nostalgia
    pela ventania que você me fez..

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