domingo, 28 de julho de 2013

EQUÍVOCO

O alfabeto inteiro pulula diante meus dedos!
que vergonha... uma idosa de bom tamanho, acredita na estupidez de um velho ignoto!
Que fazer com as letras do alfabeto? xingar ou refletir?
Melhor pensar a respeito do mesmo assunto e percorre-lo sozinha...
Presente do mar! Ondas no vai e vem, areia macia sob os pés machucados pela vida...
ando em direção às falésias e a cada passo piso em meus enganos, minhas atitudes ridículas...
E com as letras do alfabeto, reescrevo a história inventada,
reinvento os movimentos diante do mar: posso percorrê-lo sozinha e ainda catar conchas, brincadeira de criança!
O velho ignoto? mastiga amendoim com suas dentaduras e procura outra distraída pra jogar o jogo da estupidez.
A mulher madura? continua caminhando pela praia, pisando em algas coloridas e sentindo no rosto a brisa leve da manhã.

domingo, 14 de julho de 2013

ESPERAR, ESPERANTO...

A esperança é persistente e deixa a alma aos pulos:
_ vem, não vem... vem, não vem...
Espero  com o coração aflito, mas que bobagem... ele virá.
Virá que eu sei, eu sinto, eu espero com o coração batendo acelerado, mas ele vem!
Não espero nenhum homem bonito, charmoso, cinquentão aparecido, com aparência juvenil.
Espero um homem de setenta, que revirou  minha vida e me deixou a sonhar...
Sonhar sonhos que podem ser reais, basta o nosso desejo.
Teremos nosso ninho, que abrigará as esperanças saltitantes de verdades.
Havaianas serão nosso calçado até chegar à praia, pois na areia quem se deliciará são nossos pés cansados
da luta diária. Nossos dedos se remexerão pra lá e pra cá, sem se importarem com a areia, que insistirá em
grudar nas solas dos pés.
Vida que queremos: café na cama, ducha morna com a água a deslizar nos corpos tranquilos de paz...
Talvez bicicleta ... afinal, precisamos de exercícios físicos que darão esperteza a nossos corpos.
Almoço? ah! o almoço... será feito a dois, de acordo com gostos apurados! A música encherá os ouvidos de pura melodia a inebriar o espírito e preenche-lo de paz...
A esperança aguça os sentidos, faz pulsar os desejos de uma amor sem fim...
Gargalhadas não podem faltar: é claro que estarão presentes no farfalhar de corpos ansiosos pelo toque.
O espírito continua a iluminar com muita luz os planos abençoados.
Somos felizes na luz do dia, somos felizes no seu final, somos felizes na noite que nos acoberta com um manto de estrelas...
Venha, minha ternura! não permita pedras no caminho, não permita decepções pelo novo caminho!
Nuvens azuis... abram seu manto de doçura em nossas almas cansadas para que o caminho que nos espera seja doce!
Venha, meu amor! não permita que minh'alma salte sem direção.
O mar nos espera com o vai e vem das ondas macias a acalentarem nosso sonho.
Fica, esperança... que seu verde vá de encontro ao verde do mar, apagando a solidão de duas vidas que se encontraram na brisa da madrugada. Vem, meu amor... Estou aqui!






sexta-feira, 12 de julho de 2013

POMBA VIDA

Alguém hoje, sem mais nem menos, me lembrou que sou do século passado.
Em princípio, me assustei e me senti velha, sentimento contrário a  minha crença na eternidade.
Tempo... quem determinou a contagem dos meses, dias, anos, minutos, segundos?
O homem...
Ser humano vazio de eternidade, oco de vida, alma pesada de minudências...
Não sou do século passado! Drumonndianamente sou eterna!
O tempo, para mim, é uma questão  de sentimento.
Me olho no espelho e me vejo mulher bonita, verdade comprovada pela fotografia e pelo azul claro da alma, pelo verde morno das águas do mar.
Sou menina-mulher levada, que se atrai pelo homem bonito de alma, mesmo que a idade seja determinada pelo cronômetro.
Sou eterna! definitivamente, sou fagulha da eternidade que escapole do olhar faceiro da mulher.
Pomba gira? pomba vida com a pele enfeitada por flores tatuadas pra sempre na pele macia do corpo
que um dia voará após o rompimento do casulo obscuro da ignorância.
Tempo, tempo, tempo... gira mundo ao seu redor, gira minutos em sua eternidade, gira vida na clarividência do mundo.


 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

RE AMAR

Acredito no amor. Ah! se acredito...
Sentimento profundo independente do seu tipo:homem mulher, ou outras variáveis.
Amor de mãe é um sentimento incondicional e, se nos distrairmos abrimos mão da enxurrada de vida que ainda podemos viver, em nome desse amor concreto que sentimos pelos filhos.
Um, dois, três... ou uma penca deles.. demos a eles a chance de virem ao mundo e construir sua própria história.
Quando estão adultos, tem o universo a seus pés, além da beleza mitológica que enfeita suas almas.
Mas... e a mãe? transformou-se numa matrona aguardando a morte ou o asilo?
Não.... a mulher que já pariu e criou filhos, agora tem seu momento de viver, re amar, sorrir, dançar, passear pela praia, tomar um vinho sagrado com o novo ser que lhe abre os braços...
vivo este momento... minhas entranhas gritam pela paz, pela paixão, pelo amor que lhe fará companhia enquanto durar!
Hoje, sinto-me bela com as marcas que o tempo desenhou em meu corpo, em minha face, em minhas mãos.
Coração foi remendado depois de muitas dores: hoje bate feliz a espera do abraço, do beijo, e de todas as venturas possíveis a quem volta a amar, após alguns enganos cometidos em prol da solidão.
O tempo ensina que pra você ser amada, é necessário que se ame ao máximo...
que tal um belo batom vermelho a iluminar seu rosto? que tal uma saída de praia  esvoaçante, mas colada ao corpo que se refresca nas águas mornas do mar?
Que tal pétalas de rosas acolchoando as águas mornas para um banho a dois?
Porque não uma cama perfumada, almofadas macias a contornar as linhas dos corpos que se amam?
Vida, vida, vida linda... Estou aqui! só uma questão de tempo. E esse tempo é marcado pelo pêndulo do relógio da sala!
Tum, tum, tum... é hoje! não temos tempo a perder...
O presente do mar aguarda-me... e meu amor  também ansioso, cata conchas pela maré vazante.
re amar? sim... reticências que definem a eternidade do amor...



segunda-feira, 8 de julho de 2013

CIRANDA

Andar, andar ,andei pelas trevas da solidão e de ilusões facilitadoras de sonhos e ranhuras no coração.
Saltando pedregulhos, feri meus joelhos, esfolei minhas mãos e o coração foi remendado com  muito zelo.
Até que o céu se abriu saltitante, espalhando estrelas cadentes e  uma delas cai em minhas mãos.
Milagre? Não... São as ternuras perdidas pelo cosmos que resolvem brincar de cabra cega...
Nesse momento me transformo numa menina e, de olhos vendados, procuro o meu par...
Alto, magro, dedos longos, mãos macias,peito carregado da mineiridade que gosto tanto.
Não é nenhum garoto e, assim como eu, temos as almas infantilizadas pelo bem querer e pelo sorriso largo da inocência!
Demoramos a nos encontrar: cada um de nós percorria caminhos diferentes, em busca do mesmo objetivo: amar...
Belo dia, eis que se não quando, nos deparamos durante a brincadeira. Uma diferença: Nós dois brincávamos de cabra cega, mas os corações encontravam-se abertos exalando o perfume do bem querer...
Entre rodadas e volteios, volteando sentimentos, nos encontramos.
Assunta daqui, assunta dali e as ternuras vão se desvendando sob a lua minguante...
Engraçado... a lua minguante mingou desesperanças e deu lugar ao sonho sonhado devagarinho de tanto medo de rolar para o desencanto...
Cabra Cega desvenda os olhos e se defronta com um sorriso altivo, rodeado por duas covinhas onde se escondem as pérolas da inocência.
Nem todo adulto perde a inocência: alguns são tidos como idiotas, bobos da corte de um rei castrado de ilusões.
Que lindo...  cabra e menino do sorriso largo encontram-se no centro da roda e num abraço apertado dançam a ciranda cirandinha...
Amigos verdadeiros cirandam diante do encontro de dois adultos crianças, que já caminham em direção do começo da história.
No centro da roda, a menina canta: - ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar...
E no tropeçar do volteio, crianças de almas puras rolam pelo chão da vida, dão a meia volta, volta e meia são dadas na escuridão da noite, na claridade do alvorecer da madrugada...






quinta-feira, 4 de julho de 2013

ORAÇÃO DE MÃE

Dia frio.
Dia frio e sofrido apesar da energia do inverno e da companhia de minhas cadelinhas.
Almas incomunicáveis se confrontam- frente a frente- cada uma delas mais doída que a outra.
Vejo o semblante, o olhar da pessoa ao meu lado,
que pra aliviar sua dor, sacrifica o coração da mulher.
Deus! mostra-me o caminho errado que percorri, talvez tenha entrado num atalho pedregoso.
Com humildade, farei tudo novamente, desvencilhando de erros e desamores pautados por mim.
Senhor... Entendo a falta de comunicação das almas, pois sei que o corpo provém de outro corpo, mas as almas não...
Afinidades independem do sangue, por mais que você ame, por mais que você sofra pela dor do filho da jornada.
Por isso peço: energize os chacras dos caminhantes que se encontram feridos, pés e coração machucados
pelas lambadas provocadas por desencontros significantes...
Que uma rajada de luz percorra cada canto dessa casa, num sopro iluminado de amor e perdão.
Não peço a comunicabilidade das almas, muito menos um sentimento de amor forçado.
Peço paz, Senhor! Peço sabedoria pra lamber minhas feridas, profundas e inquestionáveis.
Que no silencio da noite, na escuridão da lua minguante- minguada pela rotatividade do universo,
Eu encontre a paz.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

MARÉ DE SONHOS

Estava distraída, como sempre...
Olhar vagando pelo infinito, com um desejo enorme de ver a lua, namorar seu brilho entrando janela adentro.
Não foi possível... Não vejo mais a lua da janela do meu quarto.
E a lua cheia, agora míngua devagarinho.
Não quero que este sentimento invada minha alma!
Minguar de sonhos é morrer aos poucos dia a dia...
quero continuar alimentando meu desejo de caminhar pela praia, meus pés brincando de passear pelas espumas brancas das ondas vindas do mar azul...
Não estarei sozinha: ao meu lado caminhará o meu amor, passos lentos, pois não temos pressa...
A manhã é toda nossa e, depois de banhos mornos e cerveja gelada, descansaremos na doçura de nossa casa.
O mensageiro do vento acompanhará nosso sorriso, riso molhado de beijos carinhosos.
Há muito o que viver... há muito alimento para o sonho que me permite ficar de pé.
Vou continuar distraída...
E mais que de repente, o sonho, numa explosão de cores e doces abraços, acordar-me-á para a vida que me espera.