sábado, 19 de janeiro de 2013
O QUARTO DO MEIO
No Distrito do Borba e pelo interior das Minas Gerais, em suas construções em
estilo colonial, ou em casas simples com "cadeiras na calçada", as edificações
abrigavam em seu design, o famoso 'quarto do meio'.
Era um espaço cheio de mistérios: religiosidade ou castigo.
Religiosidade quando abrigava os santos de devoção dos proprietários de suas
moradas!
Imagens de vários santos se misturavam a cheiro de velas votivas e flores colhidas
com fé e carinho pelo coração materno, que no silencio da noite rezava por alguém
que só sua alma inquieta sabia.
Hoje, todos os santos do quarto do meio acompanham as festividades de São
Sebastião. Pra lá de satisfeito com os seus filhos.
São Sebastião comenta com São José, Santa Rita e as 'Virgens' Marias como está feliz
com a alegria de seus filhos. O quarto do meio está vazio. Todos os santos encontram-se pelas ruas do Borba, em procissão.
Marias, Joões, Joses, como cobra se arrastando pelo chão, seguem a procissão que
se encaminha para a Capelinha do Borba. Que alegria, meu Deus!
O quarto dos santos não existe mais. A modernidade, com sua arquitetura avançada,
tirou de dentro das casas os quartos sem ventilação, ou estas foram demolidas
para dar espaço a edificações coloniosas, atitude saudosista de um passado
considerado tranquilo por seus moradores.
E o 'castigo'? que tem a ver com este caso?
Simples, uai... moças virgens, casadoiras, tinham nestes quarto do meio, seu
colchãozinho de palha, seu travesseirinho de paina o aconchego para suas lágrimas
de saudades do namorado! O quarto do meio não dava para a rua. E nestas alcovas,
as filhas eram protegidas de um suposto beijo roubado!
Mas hoje, não há castigo... Bastião não deixa! Ele protege seus filhos e
agradece as homenagens de seus amados.
Beijos não são roubados... são consentidos pelas famílias que se reúnem no bar do
Vander!
Primo Vander! Ainda não o conheço, mas seu pai era irmão do meu vô Zé Gomes!
Hoje não existem 'quartos do meio'. Há a alegria radiante que se ecoa no Bar do Vander, ao som do violão do Tio Valdomiro... Não é primozas!
Salve Bastião!
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