sábado, 26 de janeiro de 2013
ADRO DA IGREJA DO BORBA APÓS A MISSA
Dia de missa! Festa no Borba.
Borbagatenses esperam de quatro a nove meses para ter o direito de assistirem a
uma missa.
Ainda não há estrada de carro. As pessoas transitam montados em burros e mulas,
inclusive o padre.
A chegada do padre é uma alegria! Montado em sua mula preta, percorre as ruelas do
Borba.
As famílias esperaram. Quitandas fumegam no forno redondo, enquanto costureiras
terminam de preparar os figurinos das famílias. Afinal, peças inteiras de tecido
foram compradas no comércio local.
Só variavam as cores dos tecidos e os modelos. As pessoas estão muito elegantes.
As ruas se colorem com o ir e vir das crianças, jovens e adultos em direção à
Igreja do lugar! Igreja de São Sebastião que, com seus companheiros, todos adornados
de flores do lugar, exalam seu perfume... Até parece que tomaram banho!
A missa é em latim: - Oremus!!!
As orações continuam, pois "as almas" estão leves após a confissão...
Leves de que, me pergunto! Que pecados podem ter uma comunidade que vive a
trabalhar e ferir os joelhos no 'quarto dos santos', enquanto seu padre não vem?
Soa a campainha. A missa é prolongada, mas tem um fim.
As senhoras acompanham o vigário de Ferros até a casa de Cele, recém casada e feliz!
Moçoilas e rapazes transitam pelo adro da Igreja.
É o momento dos namoros, mãos fugidias se encontrando, beijos roubados no calor
do dia. Que delícia! O calçamento do Adro registra em suas pedras cada gesto, cada
pisar adocicado de namorados apaixonados. Vestidos rodados se encontram com a brisa
que esvoaça tecidos leves que cobrem os corpos de moças bonitas.
Os rapazes ajeitam seus bigodes e crianças correm pra lá e pra cá, na doçura
de capristanas que conduzem às escadarias da Igreja.
Hora do almoço.Panelas fumegantes são ajeitadas à mesa. O padre se lambe de prazer!
Celebrar missa no Borba é um desbunde... Que digam as pedras do adro e as bochechas rosadas das moças! Afinal, o estoque de casmehere bouquet esgotou-se na loja do lugar!
Mas o que conta é a felicidade dos jovens que flertaram seus amores...
E aneizinhos de bala com pedrinhas de vidro trocados entre as crianças.
Escurece. A mula preta do padre segue seu destino. Bornal cheio, pois a viagem é longa.
E as pedras do adro hibernam felizes! Esperam por outro momento de reflexão:
Qual será o próximo casamento?
Marília Procópio que me diga...
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