segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O BORBA EM SERENATAS

Sabor de lembranças no ar... A claridade da lua cheia provoca o perfume da dama da noite que exala sua essencia pelas ruas do Borba Gato. Deve ser o sopro de São Sebastião através das palavras de Marília Procópio. O céu do Distrito esparrama recordações das serenatas que, à tona, estão pelas ruas e memórias do borbagatense. Noite de lua cheia... Que tal uma serenata hoje? O trago no cigarro dá lugar a um assobio e, de repente, as pessoas vão saindo de suas casas. As mulheres, com flores no cabelo, cheirando a alfazema, vão saindo ao lado de seus companheiros e se acomodando na carroceria da caminhonete do Eduardo, filho do Zé Campos. É ele que conduz a turma de músicos com seus instrumentos e cantores afinados a caminho das fazendas do "ferreiro" que mora no campo. Por onde começar? Os acordes do violão apontam para a fazenda do 'tio' Cristovão. E a turma começa... A música 'chão de estrelas' abre o repertório. Passeia pelo céu uma estrela cadente que faz lembrar Dolores Duran, com a noite do meu bem... Enfeita-se a noite com o som das pastorinhas que acordam 'tio Cristovão' e sua família. Dalva de Oliveira quer participar também. Sopra nos ouvidos de Silvério, Valdomiro e Cele os acordes da música 'Barracão de Zinco'. O coro acompanha como ninguém... E dá-lhe cachaça... A carne de panela com farinha alivia o olor da pinga que desliza pela garganta. Tempo esgotado com tio Cristovão. Ainda vamos na casa do Fernando de Nandinho, Bolão do Amir, Zé Vitor, Zé de Serrinha e, de quebra, uma passada pela Vendinha, a caminho de Carmésia. A caminhonete desliza pela estrada de chão como se conhecesse o caminho de cor... Meu coração... não sei porque... bate feliz quando te vê! valsas, boleros, marchinhas cavalgam nas vozes dos cantores da madrugada. Amanhece. Todos são chamados pela lida diária. A lua dá lugar ao sol que chega de mansinho, com seus raios dourados. Mas o som das vozes dos músicos continua: Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil... E as ruelas do Borba crescem diante tanta sinfonia. Cadê o sono? O fogão a lenha aguarda a chaleira que chia... O cafezinho está saindo! E já se pensa na próxima serenata! Não é, Cele?

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