quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

AUSÊNCIA

Andei pela casa de maneira desarvorada,
o telefone sem som, como se, no fundo, estivesse viajando.
Tomei a cerveja em minha companhia: deu pra suportar a solidão.
Já dizia o poeta: fique bem com você, já que é uma pessoa inteira.
Na realidade, não sou metade de ninguém, mas me bateu uma saudade de conversas diárias, carinhos furtivos, beijos roubados, toques insinuados, gestos atrevidos realizados, enfim, doces encontros pela semana...
Sambou, sambaram os dias de fevereiro que abortaram a rotina escolhida por mim.
A ausência do seu olhar, cabisbaixo de ternura, o sorriso delicioso, fruto de brincadeiras maliciosas,
o trago no cigarro e a fumaça subindo em desenhos sinuosos pelo teto, o gole de vodca entre um beijo e outro, deixaram o coração vazio.
A quarta feira me trouxe esperanças: mas é o dia de se benzer e receber na testa as cinzas que notabilizam o pecado, na concepção religiosa.
Para mim, cinzas são fruto da sua ausência, do cinzeiro vazio, da solidão da alma, frio do corpo em pleno verão.
Ausência de vida no coração, na casa, na rua, mesa vazia de cumplicidade, solidão.


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