quarta-feira, 5 de julho de 2017

MEDO


Fui morar em Ferros buscando uma adolescência perdida.
Momentos em que não vivi no momento certo.
Encontrava-me entre os muros do internato e das rezas que mal mal entendia!

Ledo engano!
Em princípio foram risadas, passeios e porres- barato que não me satisfaziam: feriam a alma.
Corri das amizades sinceras e envolvi com pessoas que aproveitavam da falsa alegria que domava o coração.

Raras exceções. Amigos reais eu tive e recebi em minha casa, meu paraíso.

Hoje, pago o preço da insubordinação  vazia e trôpega.

Não compreensão dos primos queridos e mágoas acumuladas no peito dos filhos que amo tanto.


Voltei ao ninho. Explodo de vontade de sentir novamente a amizade dos filhos.

O psiquiatra amigo refaz comigo a vida perdida e cambaleante, , refaço o caminho da paz.

Tenho medo. Os exames de saúde alertam o médico e a mim.
Resultado da invigilância e da sensação de eternidade.

Percorro o caminho de volta, em busca da paz, da verdadeira alegria, do sorriso maroto que completava minha vida.

Vou encontrar. Não uma pasmaceira de vida, mas uma vida real sem subterfúgios grotescos e vergonhosos.

Tenho quem me orienta. E, com uma lanterna acesa, ilumina o coração magoado pela minha futilidade.

Claro que tropeçarei. Não sou Deus.
Sou um ser humano que cometeu erros e acredita na infinita beleza do perdão.
E sigo em frente, com a alma iluminada!




domingo, 18 de junho de 2017

ATITUDES


O coração inquieto prepara-se para a terapia.
O divã me aguarda para amparar o peso do vazio em que se transformou a vida.

Quero paz. Nada de buscar no álcool a solução para as dores que afogam de culpa a vida.
O barato será outro.

Respiro pensamentos a volitar a alma na gangorra da
procura da atitude.
Atitude de me buscar na escuridão do porre que me afoga de dores quando acordo.

Atitudes que me farão afundar os pés nas areias das praias e mergulhar nas águas mornas do Ceará.
Lá estarei por inteiro,

E como uma borboleta romperei o trançado do casulo a sufocar meu voo.

Atitudes.










terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

PEROBA!


Ando eufórica pela casa e arrumo com carinho a bagagem da viagem que se aproxima...
Observo a cada momento , os bilhetes que abrirão as portas do avião que me levará a Fortaleza..

Dessa vez será diferente... Será uma estadia à beira mar, numa roça chamada Peroba!

Organizo a bagabem com cuidado e, com carinho cuido das mudas de ora pro nobis e couve, que levarei para meus amigos!

Oba! Fortaleza terá ora pro nobis, e com certeza, o franguinho acompanhado da planta mineira com o delicioso angu.

Minas e Ceará se dão às mãos numa viagem paradisíaca.

Tudo é maravilhoso e estou me preparando para a felicidade.

Minhas mãos estão aflitas para amassar nosso insubistituível pão de queijo, que se juntará aos peixes e camarão...

E meu corpo se entrega todo na possibilidade que se aproxima:
banho nas águas mornas e verdes do mar de Fortaleza , o encontro com amigos queridos e o balanço aconchegante na rede que me aguarda com ternura!

E lá vamos nós!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

NOVELOS DE SONHOS!





A vida é como novelo de linha nas patas de um gato...
Ele rola e desenrola a linha, como um brinquedo de faz de conta.
Todo o desenrolar não passa de uma brincadeira séria, um enrosca enrosca a brincar com os mistérios dos encontros e desencontros dos dias vividos.

Nesse enrolar e desenrolar, reencontrei amigos no viravoltear da vida!
Profissionais amigos com quem troquei experiências: ganhei mais ciências e sabor de vida que o novelo de linha pode permitir.

Ah! a vida é uma caixa de surpresas

Surpresas que nos acordam do marasmo vivido a sós.

Não é necessário dizer quem são essas pessoas.

O importante é que sonhamos juntos e o sonho toma pé no sonho sonhado no passado.

De quem falo, sonham como eu e continuam a sonhar
 no viravoltear da vida, no gramado verde da esperança .

Companheiros, estamos aqui.

E o nosso sonho é acompanhado do bem querer e de um novelo longo a desenrolar na calada da noite.


E na luz do sol, devagarinho, linha a linha, vamos tornando nosso sonho em realidade!

Força, meus amigos!
E cada sonho sonhado será um tijolo na construção da realidade!
Caminhemos...


domingo, 22 de janeiro de 2017

FAMÍLIA

Ando em passos curtos e bem devagar.
Sou feliz no meu quadrado, e mais feliz ainda com a presença da minha família constituída.

Com a chegada deles. acordo cedo, depois de ter preparado o cardápio e deixado a casa em flores.
São três filhos, três noras e dois netos.

Uma criança de oito meses e um rapaz de dezenove anos.

Vou cedo para a cozinha. Sempre preparo uma comida de acordo com o gosto deles:

- Mae, isso não gosto.! Mais que depressa preparo o que posso agradar a cada um.


Sou feliz assim, apesar de morar sozinha. Janna é minha companheira de todas as horas. Sempre deitada sob meus pés, cochilando enquanto escrevo. Espera calmamente que eu termine.

Enquanto isso, espero a próxima visita.

Acontece.

Só andar devagar e aguardar com ternura o toque do interfone.
Filhos são empréstimos de Deus. Permite que os acolhamos por um período.
Ele dá as cordas. Já permitiu nosso trabalho de parto e o fato de ajudá-los no ato de crescer e amadurecer.
Agora são pipas.

Precisam do voo e da liberdade que os faz viajar pelo mundo.

Enquanto isso, ando a passos curtos pelo meu quadrado.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

RECORDAÇÕES


Vivi uma temporada na terra em que eu cresci.
A chegada foi uma doce surpresa e o coração saltitava de felicidade.

Fui de caminhão., Além das minhas coisas, duas cadelinhas me acompanharam,
Os olhos passearam pelas ruas e edificações que me traziam recordações de infancia.

Minha casa era linda e confortável e o que mais me encantava era o quintal. Um jardim multicor, esbanjando flores, folhagens de toda espécie. Orquídeas aconchegavam-se nos troncos das árvores, remanescentes da Mata Atlântica.
Da minha janela, via a lua prateada que nascia no  majestoso pedrão.

No fundo, corria o Rio Santo Antonio, rio da minha aldeia que enchia de vida o meu viver. O sussurro das águas amortecia toda a dor viajada comigo em busca do seu final.

Andava pelas ruas de pedra e identificava cada edificação que pertenceu à minha família e as lembranças transformaram minha vida numa caixa de surpresas.

Os olhos observavam as pessoas e me via ainda criança. Mas foram poucas as pessoas reconhecidas.

O tempo é cruel e passa inexoravelmente.

Claro que encontrei


 pessoas que fizeram parte da minha vida. E fiz novas amizades.
Os passeios realizados nas Palmeiras eram dia de festa. Até pic nic fizemos...
Molhar o corpo na água corrente e pura enxaguava a alma que saltitava de alegria.

Posso morrer feliz. A estadia em Ferros foi o suficiente para revigorar a vida de surpresas e descobertas maravilhosas.

Até caminhei pelos ladrilhos hidráulicos da escola onde estudei..

Tudo encantador. Principalmente o tocar do sino e o canto das maritacas . disputando a melodia com o canto dos galos.

Fui feliz. Uma felicidade que jamais esquecerei.
Felicidade que gangorra em minha alma e pede licença pra voltar.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

REENCONTRO



Andei perdida, sem serventia, ao me desvincular das palavras que me levam ao céu.
Muitas tentativas para encontrar minha alma, que vagava pelas ruas do meu lugar...
Enfim, me encontrei através de um amigo. As sílabas ainda gaguejam ao formar palavras.


Volto á rede e pergunto ao coração: _ que houve comigo?
Como retomar às letrinhas a consolar a vida sem sentido sem elas?
Andando pelas capristanas dos sonhos, o a,b,c,d vai chegando devagar e,
devagarinho  formando palalras que desenham o viver, ressuscitando a vida semi-morta
de solidão.

Renasço do vazio a segurar meus dedos, a derramar lágrimas sobre o papel em branco...

Renasço do branco e caio devagarinho sobre o colorido das letras a formar palavras a secar lágrimas de
dor.

Volto a ser feliz. Diante de mim, o teclado me chama e,
soletrando sílaba por sílaba, as palavras vão brotando passo a passo e caindo em lágrimas sobre o vestido vermelho.

Alma se transformando em gotículas de felicidade a colorir de vida o corpo que andou perdido e bêbado de agonia.

Agora retomo meu caminho: borboletas ao vento dançam a valsa da chegada.
A chuva, doce gotejar de água cristalina, mata a sede dos casulos que libertam borboletas fúlgidas de alegria.

Sou Feliz novamente!