segunda-feira, 9 de julho de 2012

CASA VELHA DO SENHOR LUIZ VIEIRA- BORBA GATO

A casa "velha" que pertenceu ao senhor Luiz Vieira, ao ser demolida em 1990, levou consigo grande parte das memórias de vidas, entranhadas em suas paredes. Histórias construídas a partir de um casamento: uma linda normalista e um comerciante que, além de vender "secos e molhados", fazer política que protegia o Distrito do Borba, guardava segredos inusitados dos moradores, dizendo sim a todos eles. Ouvia os casos do meu avô José Gomes da Silveira, farmacêutico solitário, mas cheio de sonhos e profissionalismo. A casa, antes nova,abrigou uma família grande, à medida que crescia! Parteira entrava e saía para dar a luz aos novos que chegavam... E a cada novo que chegava, as paredes secretamente, guardavam histórias, memórias, lágrimas e sorrisos de seus moradores, vizinhos e netos que chegavam aos poucos... Luiz Vieira, muito cuidadoso, registrava quase tudo em sua "holleyflex". Não importa como escrevi... Mas em sua "moderníssima" máquina, registrava sorrisos, cavalos arriados, fornadas de biscoitos, queima do Judas, festa de São Sebastião, filhos e depois netos que nasciam, enfim, parte da história do Borba foi guardada em detrimento às ações do senhor Luiz Vieira. Chego a sentir o caldo das laranjas campista, a escorrer por meu lábios... Imagino os corações de verdadeiros borbagatenses diante dos registros fotográficos deixados por ele... E a sua esposa, mãe de seus filhos, cuidava dos filhos, da casa, e velas votivas registravam nas paredes da casa velha, os pedidos de uma mãe cuidadosa... A casa foi demolida. Não era comum preservar o patrimônio cultural. A casa nova carrega as memórias que entram e saem pela cancela, durante a madrugada... Não duvido que cochichos aconteçam durante a noite... Senhor Luiz Vieira e seus amigos cantam "CHUÁ CHUÁ" pelas ruelas do Borba e dão uma paradinha para um cafezinho com D. Geralda e Roberto Glória... Não é que chega a Zepha, espevitada, comentando uma peça de teatro? Zé Gomes que o diga...

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