terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

NOVA CASA VELHA.


  Andei por caminhos conhecidos pela memória infantil.
  Pelas ruas procurei infância e juventude mal mal vividas e contadas pela história.
  Ladrilhos hidráulicos não refletiram sinais buscados no meu pátio de brincar.


  Meu rio agora marejava longe suas lágrimas de perda das águas marulhantes, que antes registrara sua vida.

As flores fizeram minha alegria. Ah! flores coloridas perfumaram a vida e a solidão que como sombra,
vagavam comigo pela noite escura.

Fui acordada pelo canto do galo, que insistia em alto e bom tom a realidade que afligia, amortecida
pelo gole da cerveja, fria, gelada, ao descer pela garganta num sacudir das cordas vocais que berravam os sons agoniados de uma busca inútil do que não vivi.

O que não vivi perdeu-se rio abaixo e o que me aguardara foram passos perdidos na escuridão da noite.

Tudo em vão.

Acolhida, volto ao colo da mãe adotiva, fragilizada pela busca inútil traduzida em solidão.

Não busco mais verdades absorvidas pela escuridão da noite, pela dor depressiva a me jogar pirambeira abaixo.

Me ergo devagar. Já me encontro de quatro.

Quatro passos, quatro vozes, quatro comprimidos a me salvarem do ato de me sucumbir.
Quatro mãos a apoiarem as costas, evitando um tombo maior.

Oito mãos a segurar minhas dores, a permitirem novo fôlego profundo,

Oito mãos a me aconchegarem no colo macio da certeza do amor suave como um chumaço de algodão.

E a vida se faz vida na "nova casa velha".

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