O Borba,terra abençoada dos Ferreiros, tem suas histórias, mais que providenciais e hilárias.
Esta começou assim: Galeno, que hoje mora pelas bandas do estrangeiro, perguntou aos seus amigos do Borba:
_ Alguém aí, da Comunidade, se lembra da malhação do Judas, no Sábado de Aleluia, em Borba Gato, ao lado do Cemitério, entre o Campo de futebol e a Casa do Senhor Abílio?
Rsrsrs... O tricot começou a ser tecido... e com fios de várias cores, tonalidades tão exóticas e faceiras que matam de rir a todos os atores, e mesmo aqueles que estão de sapo...
Uma diz: _ até hoje acontece isto por lá! Quem nunca comeu um amendoim torradinho do Judas? E os versos que acompanhavam o Judas? Rosania completa: para cada morador um verso; cada um mais engraçado que o outro.
As lembranças continuam através de risadas virtuais, mas garanto que muita gente se levantou pra fazer xixi, como foi o meu caso.
Cada festa tem seu momento de preparativos e Claudio Galeno continua lá das Manáguas:- também haviam as subtrações de frutos e galinhas no quintal alheio...
Risadas e curtições adoidado, até que alguém se lembra do burrico que levava o Judas... Quem mesmo? Foi Rosania, que toda serelepe diz que o burro era todo pintado para o dono não reconhecer...
Marília logo diz que o burro devia ser do seu avô.
Após a festança, o burro era descoberto todo pintado no pasto, mas o autor da arte é desconhecido até hoje.Confusão na certa, mas "boca de siri". Afinal, na turma do Borba não existe dedo duro...
No dia da queima do Judas, quem tinha um burro não tinha sossego! Vige Maria! É hoje...
E o poeta da festa? Quem fazia os versos para bulir com as pessoas do lugar?
Alzira Procópio diz que no tempo dela era o Zé Farias. Matavam a gente de rir... HAHAHAHAHA! Fez até um só pra mim... Saudades do Zé Farias! Alguém tem notícias dele?
As pessoas se calam, se perguntam umas às outras e dizem: - ele colecionava fatos o ano inteiro, ocorridos com o povo do Borba pra criar verso em cima disso...
O sapo, morre de rir e se pergunta:- Cadê o Zé Farias??? Silêncio na comunidade. Dá pra perceber a expressão de cada ator da memória, através do silêncio do teclado, ou movimento dos dedos nos equipamentos mais modernos. Mas a página da memória é escrita pelo "cordis" de cada um.
Galeno, mais experiente, quebra a nostalgia que se instaura nas almas dos Ferreiros...
Diz:- no meu tempo existia um comando geral que agia discretamente sob a batuta do Zé Vieira, diplomata nato.Operações para montar a fazenda do Judas, com porcos, leitões, galinhas e todas as frutas da região. Tudo isso exigia uma organização eficiente.
O "sapo" diz:- gente, gente, estes comentários podem virar um livro...
Galeno continua:-Tudo tinha que ficar pronto nas primeiras horas de sábado! Buracos eram feitos para replantar bananeiras, com seus cachos maduros,na madrugada de sexta, depois da meia noite... A bocuda do Sapo, coça a cabeça e se pergunta:- Como assim?
Rosania lembra toda afoita, que a roupa do Judas era subtraída de algum desavisado...Tudo feito na surdina, todo mundo ficava apreensivo, sem saber quem seria vítima do famigerado Judas!
Ninguém escapava: ou era o burro, os versos, ou roupa que vestia o Judas. Querendo ou não todo mundo participava...
Depois, como diz Galeno, era o trabalho da turma de comando na tarefa de conseguir galinhas para povoar o galinheiro.
Alzira comenta: - (...) com certeza no seu tempo as coisas eram mais fartas. Tínhamos que arrecadar algum dinheiro pra colocar no "pau de sebo" pra meninada tentar subir e também enfeitar o "boi andá": aí a festa tava pronta com os verso do Zé Farias e a Banda do Silvério...
As reminiscências de Galeno são completadas: - também fazíamos a subtração de galinhas e depois, íamos à cozinha da vítima fazer a galinhada e deliciar com o bandolim do Silvério, o violão do tio Valdomiro. Era regra!
Havia D. Anita, que todos os dias contava as galinhas, e sempre faltava!
Uma lição aprendida: era melhor oferecer as galinhas paras os potenciais ladrões e assim evitar que seus filhos fossem roubar galinhas na casa do vizinho.
"senso de humor e aventura na terra onde nada acontecia de extraordinário"
Maria Sapuda consente com as palavras do pai de Galeno: " A memória de infância se constrói com o passar dos anos".
A turma do Borba reflete a respeito, quando chega Suely Sette, toda esbaforida, lembrando que Tão e Valdomiro rechearam o Judas de balas e pirulitos: criançada pulava corria, pra pegar balas,mães com olhar de reprovação, "pois meninos educados não agiam assim".
E o testamento do Judas foi muito além de dentaduras, botas,chapéus e "crime prescrito".
A queima do Judas no Borba fez com que muita gente abrisse o baú da memória,risadas do céu ecoaram pelas ruas do lugarejo, alegria brotou na alma dos Ferreiros e propiciou possibilidades de re-união de pessoas que se sentem amalgamadas pelas histórias e fotografias de pessoas idosas, crianças, moças casadoras,vigilantes de mesas de doces, comerciantes, carros do ano, burricos e cavalos, enfim, vidas que se vivem a cada segundo no borbulhar de passos em direção ao passado, não como nostalgia, mas como abertura de possibilidades de amor ao nosso chão.
"Uma cidade não é amada pelas suas sete ou setenta maravilhas" Amamos nosso chão pelas pessoas que o constroem no seu dia a dia!
se
Julia minha amiga sua amiga esbaforida aqui veio correndo ler seu texto!
ResponderExcluirQue dom maravilhoso você tem amiga vou publicar correndo e olha eu disse hoje que Faceborba vicia,já estou viciada olhe as horas e eu aqui morrendo de rir e encantada com sua sensibilidade poetica minha amiga.
Um abraço;
Sueky Sette São 23.38 hs...