sábado, 21 de abril de 2012
CAIXA DA MÃE
Várias "caixas da mãe" são abertas, dia a dia, na memória dos Ferreiros.
Mães, cuidadosas que guardam seus segredos e sempre queimam uma vela votiva para seus filhos...
A criação da "Comunidade do Borba" aguçou a curiosidade de filhos, netos, cunhados e amigos do lugar.
Amanhece.
Antes do trabalho diário, uma passadinha pela página: - quantas novidades teremos?
Ficamos todos atentos à noite, quando as caixas são abertas. E as memórias pululam de caixa em caixa...
Descobertas vão desfilando aos olhos e ouvidos atentos de todos.Às vezes, junto às caixas, as mães ao lado: umas contam histórias.
Outras, silenciosamente secam uma lágrima teimosa em escorrer.
Vidas são revividas através de histórias que são contadas e reminiscências saltam uma a uma, das "Caixas da Mãe".
Algumas pessoas ficam quietas: - quero ver onde isto vai dar! - Será se falo???
E a vida é revivida, feito colares de sementes de lágrimas de Nossa Senhora.
Tombos do cavalo, andadas nos pescoços dos mesmos... namoros furtivos no adro da Igreja, tudo são mistérios que se redescobrem,
agora, muitas vezes com risadas, outras aquecidas com um cafezinho.
O teclado, com suas letras salientes, aguarda o momento do registro de histórias: e devagar, como "lágrimas de Nossa Senhora", lembranças se transformam
num rosário de saudades que reforçam a identidade de um lugar e uma ciranda se forma como os passos de um bolero...
Lágrimas podem manchar fotografias, bilhetes e até envólucros de bombons que registram o momento de um beijo roubado..
Mas a vida se transforma numa via de mão dupla, reforçando a identidade de um lugar.
E o Borba cavalga na cacunda do mundo...
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