sábado, 6 de março de 2010

Família

Um encontro de luz para uns,
Um cambalear estonteante para outros.

eis a vida,
ciranda,cirandinha a rodar
ena meia volta,
viravolteam pessoas estranhas lado a lado,
num ninho chamado família.

Em princípio, dois caciques ao som do atabaque
batucam sons de uma cartilha de uma nota só,
perfilando almas no quartel planejado
para enquadrar crianças bonitinhas:

"Marcha soldado,
cabeça de papel,
se não marchar direito, vai preso no quartel"...

O quartel pega fogo.

Almas perfiladas debandam cada um para seu lado.
E o quartel quadradinho vê escapar pelos quatro lados,
almas opostas.

Salve-se quem puder!
De boas intenções o inferno está cheio!

Soldadinhos bonzinhos ou bobinhos?
Ficam mais tempo,
como baratas tontas,
a cabeça zumbindo com a zoeira do sonho,
zuzunando esperanças zonzas
a catarem estilhaços de luz espalhados pelo redemoinho turbulento das ilusões

Vazio na alma solitária dos soldadinhos adestrados
pelo atabaque dos caciques.
O mundo não é quadrado como uma quartel,
nem as almas moldadas em forma de madeleines.

Mundo, vasto mundo,
Booolaaa...

Mundo redondo, sem quinas, esquinas, contramão, mundo infinito sob um manto azul, rosa, ouro, violeta, verde, vermelho, branco,
matizes como pinceladas de Monet.

Desencontros.
Almas penadas,
cada uma pra seu lado.
E para mim,,
liberdade ainda que de tardinha.

E de tardinha,
volta e meia, caminho distraída pelos jardins do mundo que é meu.
Sou livre.

Júlia Carolina da Cunha. Março2010

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