sábado, 6 de março de 2010

Espelho meu

Ando pela vida ora distraída, ora assustada.
Quando distraída, vejo flores, árvores, ouço o canto dos pássaros apesar do burburinho da cidade grande.
De repente, assustada: as pessoas parecem observar meus passos, meu corpo, meu útero.
Tento correr. Não consigo.Os passos são trôpegos e o pensamento mergulha em trevas.
Lágrimas descem sem pedir licença.
O que mais desejo é a minha casa, casca de mim mesma.
Desejo a vida, ao mesmo tempo, afasto-a com grosseria.
Quero dormir o sono eterno.
Eternamente.
Enquanto isto, a chuva cai seguindo o titmo normal da natureza.
Enxugo as lágrimas, abro os olhos e vejo a rua de banho tomado.
Canto.O ninho acolhe a dor.
Mãos invisíveis acariciam meu cabelo.
Durmo. Os remédios são mais poderosos que meu desejo.
O leão se aquieta.
Por enquanto.
Júlia Carolina da Cunha. 22/11/05

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