sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Turbulência

Dentro de mim mora um leão.
Não é um leão do zodíaco.
É um leão gerado pelo tempo e seu rugido é feroz.
Feroz como o balançar da escuna quando sai do alto mar em direção à praia morena.
Acorda quando menos se espera.
Sacode a juba espalhando o medo por onde anda.
Já consigo tocar sua juba arrepiada.
Ele não resiste à beleza da orquídea, do gorjear dos pássaros, da voz grave de Maria Bethânia.
O que é melhor?
O rugido do leão a colorir mandalas ou o vazio da vida tola que me é imposta?
quero os dois: tatear no escuro e acariciar a juba do leão.
Isto.
O gangorrar da vida me é permitido.
Não quero a mesquinhez. É para ela
que meu leão mostra as suas garras.

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