terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Reminiscências

quando eu era pequena, tudo girava calmo na magia do tempo.

O tempo passava lento entre os vales ou era o mundo mais lerdo,
com seus valores massacrantes dissimulados como na historinha do "lobo mau".
O que se ouvia era o murmúrio do rio,
o olhar atento à paciência do pescador,
a agilidade de mãos que cortavam fininho a couve, a bananinha frita, misturada com feijão batido e farinha de moinho dágua,
a paciência ao se fazer a "tampa na laranja como a boquinha da vovó",
o contar das pedras na calçada,
o pular distraído da amarelinha,
o caderno de perguntas indiscretas,
banho de ribeirão,
calcinha furada ao escorregar perambeira abaixo,
reza no cruzeiro pra chamar chuva,
sol e chuva, casamento da viuva,
garupa de moto, cana caiana,
casa com alpendre em formato de meia lua,
Brasília do Capitão do Mato,
banho de bica,
cavalgada no carneiro morro abaixo,
cara de tacho arranhada pelo arame farpado,
criança feliz entre vales,
validade permanente para a travessia pela vida.

Para a Cidade de Ferros, um dos meus pousos. (2003)

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