domingo, 30 de setembro de 2012
SAUDADES
O final de semana passa devagarinho.
O silencio faz parte da vida dos amores, mas os anjos tagarelam: como falam!
Planejam, cochicham, relembram traquinagens feitas à luz do dia...
Pedem calma: estaremos juntos novamente. E breve!
A saudade doída é passageira, e a lua cheia conspira a nosso favor: eis-me aqui!
Sou o habitat dos anjos e, em nossa casa, planejamos seu encontro, pois, já estamos
juntos.
A cada movimento dos anjos, um arrepio: arrepio de prazer, pois a segunda se aproxima.
Ela vem devagarinho, pé ante pé. E diz: - não se apoquente! Estarei de volta!
E entre volteios, a saudade dirá adeus.
Anjos batem palma: fada faz cócega em giacinto que se espanta de prazer.
Tudo é lua, lua cheia que abriga anjos do amor.
Anjos que se desgovernam diante da proximidade do sim.
Sim, sinal a reforçar o amor entre duas almas benditas, queridas e sapecas.
Almas traquinas a justificarem o encontro de dois seres.
Dois seres a amamentarem o mundo de ternura!
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
MAZINHO
Brinco distraída com as teclas perdidas e ouço músicas.
Músicas que acordam meu anjo, que cutuca o seu anjo parceiro.
De repente, o som atravessa o concreto e dois anjos começam a dançar...
Dançam desvairados e preparam o dia seguinte!
Dia em que almas sozinhas, se encontram de acordo com cutucadas de anjos abençoados.
Silfos, fadas e gnomos dançam ao redor: é preciso encorajar sentimentos que se
afloram na maciez da manhã.
Tudo é lindo. As almas são lidas, palavra por palavra, apesar do silêncio de uma
delas: é mais educada, menos faladeira. Suas palavras soam mudas, silenciosas.
Mas os anjos conseguiram: abraços adocicados se enroscam e as almas se materializam
em um casal que já se conhecia da eternidade: o respirar acende luzes e os
corações se encontram na eternidade e na doçura do abraço.
Não se explica o que houve: sente-se:
Transforma-se em realidade o entrelaçar de pernas, o abraço abraçado na luz da manhã.
Tudo flui: anjos se beijam comemorando o encontro de seres escondidos entre silfos e
gnomos!
A fada, mimosa escorrega das costas e aponta o azul do giacinto que se abre em flor.
Tudo é paz. A ternura de almas que se acaloram no azul do céu.
Estamos em paz! O amor é possível...
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
CALADOS OU ESCALADOS: EIS A QUESTÃO!
Esta história, ficou agarrada na "caixa da mãe": travou a tampa...
Foram tantos comentários avulsos, que pedi ajuda ao Roberto Glória:- Calado, ou
Escalados?
Foi-me explicado que falavam "Escalado", por se ter notícia de técnicos da
Vale fazendo escavações por lá... Mas na realidade, era "Calado", que de calado,
o povo não tinha nada...
Pelo que percebi, foi uma fazenda muito querida e cobiçada pela garotada, fazenda pertencente a João Lucas Procópio, morador da Fazenda dos Calados.
Para se chegar até lá, o caminho chamava-se "Alegre", de tão lindo que é a
Estrada do Alegre:- o paraíso existe... Calado Alegre!
Calado, Escalado, Calado Alegre, o mesmo lugar...
Os adultos de hoje, choram de saudades da infância no Calado Alegre...
Crianças indo a cavalo sem arreio para casa, bunda sapecada pelo suor do animal,
Alzira chora de saudade da fazenda onde nasceu, sentindo falta do jardim de sua mãe..
Waldena e companheiros morrem de rir de sua aventura, montada a cavalo sem arreios...
Férias no Borba são relembradas... O mesmo Borba que Roberto Glória fotografa da janela do banheiro de um bar!
Alzira se lembra que a fazenda pertenceu aos avós, depois aos seus pais e depois aos pais de Marco Aurélio Duarte. Brincavam de carrinho puxado por cabrito feito pelo tio Virgílio. E a pescaria na peneira? Não dava sequer uma fritada...
Zuleni, com olhos marejados, se lembra do doce de leite da tia Creuza...
Nádia Leite lembra do tio Virgílio montado em cavalos bravos e sua mãe fechando a
janela para que a proeza não fosse vista! Mas sempre um buraquinho clareava o
curral e tio Virgílio pulando até a cerca, firme, montado como um cowboy!
Ah! Calados...
E o quarto de santos? Quarto de Dentro, cheio de retratos de quem já morreu.
Bisavôs, Bisavós, Vó Ritinha... cara da Eloiza! Morríamos de medo deste quarto...
Na fazenda, a comida era levada para os trabalhadores que batiam pasto.
Enquanto isso, os pés de vassoura eram amarrados e marcas de tombos registram o
momento até hoje... Perguntem para Marília!
Fazer vassoura era comum. A planta era chamada de vassoura. Não existia a piaçava!
Para varrer o forno, elas eram feitas de alecrim. Um cheiro bom...
E as fornadas de biscoitos eram esperadas com ansiedade...
Ai, Zé Júlio! Onde está você? Vem fazer parte da caixa da mãe...
Outra brincadeira vem a tona: brincar na "tuia" de feijão. O nome correto é tulha.
Alzira nos corrigiu. Para quietar uma criança, valia qualquer coisa. Na
colheita de feijão, as "tuias" ficavam lotadas em balaios e eram a maior
diversão da criançada que ficava tempos e tempos dentro dos balaios lotados de
feijão. A brincadeira era afundar objetos dentro dos balaios e depois
procurar, não é Alzira? E o xixi era feito dentro dos balaios, temperando o
feijão...
Às vezes, até feijão brotava sem explicação!
E a estrada de automóvel, passando pelos Gomes? Era tão perigosa que a
criançada fechava os olhos: eram tantas as porteiras que os passageiros ficavam
mais a pé do que no carro, né Alzira?
Vinte e três porteiras e dezenove córregos... Única estrada de acesso ao
Escalado!
Meninas, e o monjolo? Ficávamos debaixo e quando ele descia, "voava gente pra
todo lado". Caiu muito, Rosana? Com certeza. Noção do perigo não existia!
Machucadas, mas felizes!
Suely, lembra-se das caminhadas dentro do córrego, observando girinos, peixinhos... - Marilene, cadê você?
A vovó, pedia ao vovô Virgílio:- deixe-os ir... Vovó não aguentava mais tanta
bagunça!
Acho que Monteiro Lobato andou pela fazenda dos "Calados" para criar várias de
suas histórias...
Nunca vi tanta coincidência. Quero ver quem vai descobrir em si, sinais de
felicidades!
Alzira que o diga e comece a contar...
Julia Carolina da Cunha. 24/09/2012.
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