sexta-feira, 22 de junho de 2012

MEU AMOR

Meu amor já fugiu entre os dedos, já brincou de amarelinha, já pulou cordas, Na zaga, foi o primeiro... Marcou goals. Três goals inesquecíveis que desenharam a ferro e fogo minha paixão pelo meu amor... Não adianta grama arrasada, muito menos chute na trave... O que importa é o calor da pele, o arrepio da alma, a doçura do beijo, planos que se amadurecem do olhar gostoso de um afeto que se fez de sempre... Meu amor está de volta e a minha casa o espera cheia de flores e violetas tentando florir... Floração contra tudo e todos a gostar do breu, a aprovar a dor solitária da solidão. Meu amor está voltando e com ele dormirei de conchinha, andaremos nus pela casa, gargalharemos de coisas inúteis e a salvaguarda da dor será nosso broquel. Eu te amo , meu amor, assim como tu me amas... E entre abraços quentes, acompanharemos o inverno e o florir da primavera. Pisaremos em flores de ipês e daremos risadas de quem não acredita no amor eterno... Eternidade que se faz presente no hoje, no agora, no amanhã...

ESCOLA NORMAL

Impossível falar do Borba Gato sem falar de Ferros: São dois momentos: a demolição da Igreja e a Escola Normal. Dois momentos que marcaram a ferro, a história de uma cidade pacata, cobra a circunvizinhar um território e a formar moças de lugares vizinhos, serpenteando uma realidade grandiosa, mas tacanha para adventícios cheios de glória: Dois momentos: a demolição da matriz, símbolo do retrógrado, ultrapassado, inútil arquitetura , diante do novo... do moderno! Plebiscito já! Dos votos dos milhares de ferrenses , três mil escolheram pela demolição da Matriz, já que o restante se tratava de semi- analfabetos, inúteis votantes a troco de botinas... E a Matriz veio abaixo, espaço em branco para o projeto inovador de um novo arquiteto, malvisto às características do barroco, colonial. Ferros seria uma nova cidade, com a construção da nova Igreja, com o plebiscito, com as novidades da cidade grande... E foi... A trancos e barrancos, nova Igreja foi construída... E as madeiras da antiga matriz, como em Contagem, serviram para cercar currais peçonhentos de pessoas como eu... E hoje, imponente, faz jus aos aos descalços da cidade, que tiram o chapéu para verem o pênis descansado de Adão... Outra novidade... A Escola Normal "Albertino Drummond": Criada pelo pai do padre Lage, foi aberta para resolver o problema da falta de professoras normais para as escolas da redondeza... Houve uma greve, sabiam? As moças de Ferros se negaram a namorar os rapazes ferrenses, durante as férias, em protesto às escolhas dos moçoilos, durante o ano letivo, às moças arrojadas vindas de fora,em desprezo às ferrenses autóctones. Não é que deu certo? Rapazes ferrenses ficaram sem namoradas, enquanto moçoilas forasteiras se banhavam em outras marés... E a cidade de Ferros se faz inusitada: é matéria nos jornais da capital por dois motivos: pela aprovação do novo templo e pela greve das moças que rejeitaram rapazes que as preteriam pelas estrangeiras... Eta Ferro!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

ESCREVINHAGEM

Escrevinho sempre... Escrevinhar é como viajar, dar um banho de alfazema na alma, e sair perfumosa pelo mundo... Não pelo mundo esfumaçado e maldoso de palavras malsãs, mas pelo mundo que lhe retorna ao ventre da liberdade! Liberdade mesmo que de tardinha, ao anoitecer dourado da vida, da pureza do direito de ir e vir, do poder de não dever nada a ninguém... Pura idade do sentimento às vezes criança, outras como o canto do pássaro, como notas musicais que formam melodias. Melodiosas melodias, gorjeios trinados não pela voz, mas pelas mãos que se deliciam pelo ato de escrever... Escrevinho. Escrevinharei e me permito desnuda aos olhares e comentários tolos de amargas amarguras. E aqui me posto: escrevinhando...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

DEVANEIOS

Troco medicamentos pela cerveja. Não tenho máquina de datilografia no colo, Nem sou Clarice... Pretensiosa eu sou... Jogo fora meus anseios, medos, incertezas e sofrer doído... Troco por deliciosa... Deliciosa vida que me aguarda a cada momento, a cada curvatura da natureza. Mulher é assim: volta e meia volteia para o nada e depois volta... Volta radiante, pronta para novo viravoltear que transcende a alegria. Ser livre, leve, solta, pelos caminhos que levam ao baruchear... Bendita lucidez trazida pelos goles de cerveja, numa noite cintilante. Cintileante, diria Rosa,ao baforar seu charuto... Barucheante eu digo a cada som musical que permeia o coração. Benditos devaneios que ressuscitam a alma penada, a transformar-se em crisálida... E a vida recomeça a devanear!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A VIDA QUE NÃO VIVI

Hoje me sinto com o coração apertado... Passei pelos textos que escrevi com a ajuda dos "Ferreiros" e meu coração doeu. Tantas situações vividas e eu não estava lá! Na realidade, nasci em Paulistas. Vivi lá??? Não! Fui pra Ferros com dois anos e meio. Em Ferros, pude arrebanhar minhas reminiscências, sinto saudades da casa da tia Elza, da fazenda da Chininha, Fernando Carvalho, principalmente do sítio do meu pai Hercílio, no "Capitão do Mato". Contava paralelepípedos da Escola ao Dentista, fugindo de seus ferrinhos e motorzinhos que zoavam em meus ouvidos. A casa do Zé Brasil e D. Maria era minha outra casa. Outro dia, liguei pra Rosângela Cruz. Ela não tem o sentimento poético e saudoso que guardei de lá. Mal mal se lembrou de mim... Fui pra Itabira. Segundo minha mãe, a Escola Normal não atendia a seus desejos para mim... Perdi uma vida no ginásio e na Escola ao lado da minha casa. Como gostaria de ter vestido aqueles uniformes azuis, e entre aula e outra, fugir pra casa da tia Elza. Quem sabe teria me casado por lá? Mudei-me pra Contagem. Vida longa, mas não é o que me interessa falar hoje. Talvez outro dia! Hoje, quero falar do Borba, onde não vivi. Não usei Cashemere Bouquet, muito menos louvei São Sebastian... As cavalgadas passaram longe de mim e a descida do Escalado, não fizeram parte da minha memória! Lembro-me do Senhor Luiz Vieira na farmácia do meu pai. Ele era gentil... E meu avô Zé Gomes? Suas histórias foram confirmadas: zanzava pelo Borba, depois que ficou viúvo. E a criação de suas peças de teatro estão na memória de Zepha e outras tias Borbagatenses. Hoje quero agradecer... Agradecer por uma vida inteira que vivi através de vocês: até anjos vi nos altares da Igreja... Agradeço a vocês por me terem recebido como filha, como primas, como irmã... E digo de coração que parte da minha vida encontra-se com vocês... E descordo de Manoel Bandeira: As almas são comunicáveis! Nossas almas passeiam numa ciranda, pelas ruas do Borba. E para desanuviar minha tristeza de hoje, tomo uma birita no bar do Nonô. Quem sabe volteio de bicicleta com meus amigos do coração? Namastê, minha turma querida! Obrigada por fazerem parte da minha vida...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

BORBA GATO BATALHA POR OUTRA ESCOLA

Uma Escola Nova surge no Borba. Mais uma vez, ações iniciadas pela professora Josepha Maria Magalhães. Com a derrocada das "Escolas Reunidas", os alunos se espalharam pelas casas de pessoas conscientes da necessidade de atendimento às crianças. As turmas foram desmembradas por mais de dois anos e o governo, nada... As pessoas reclamavam do "inferno" em que se transformaram suas casas e as professoras lutavam, junto à comunidade pra que o ensino não fosse para o "escambau"... Até que a Diretora licenciou-se para ganhar bebê: D. Anita, se afasta para ganhar sua linda Jacqueline... Segundo Josepha, a Inspetora pergunta uma a uma das professoras, se habilitariam a substituir D. Anita... Nada... todas elas diziam um convicto NÃO! Quem seria a "maluquinha" para encarar turmas espalhadas pelas casas, louças quebradas,bolas empoeirando tudo,um escarcéu? Mas uma delas, com "cabelo nas ventas", topou a parada... e foi logo agindo em favor dos moradores, professoras e alunos, que se divertiam, mas sonhavam com uma escola de verdade... Zepha toma as primeiras medidas: tirar os alunos da porta de D. Teté e levá-los a brincar na grama, em frente à casa de "Sia" Joana. Aproveitando os agradecimentos, disse: - Se vocês me ajudarem, a nova escola sai rapidinho... Através do Senhor Antonio Madureira, pôs a correr um abaixo assinado, com um cabeçalho bem argumentado, dirigido ao Dr. José Maria Alkimim, Secretário de Educação de Minas Gerais. O abaixo- assinado correu por todas as direções do Borba, através de borbagatenses comprometidos com o Distrito: Calados, Alegre, Córrego do Monjolo e todas as regiões do Distrito foram visitadas. Pronto o documento, quem o encaminharia ao destinatário? Os políticos da época tinham mais o que fazer... Afinal, para que se preocupar com as crianças "dos Ferreiros"? Mas alguém se prontificou a ajudar: PADRE JOSÉ CASSIMIRO, nosso saudoso vigário de Ferros... Esteve especialmente em Belo Horizonte para a entrega do documento: "choro largado" da professora Zepha, que deslizou o verbo diante tanta precariedade. A nova escola foi levantada... "Num pulim"... Mas nossa querida Zepha não usufruiu da Escola Nova. Foi continuar sua luta em João Monlevade. Mas deixou registrada para sempre sua história na vida do Borbagatense. Não há aluno que não conhece sua luta. E tenho a certeza que deixou sua marca em outras escolas por onde passou. SALVE ZEPHA!